terça-feira, 5 de junho de 2012

O Desafio da Agricultura Familiar

 O Desafio da Agricultura Familiar


Alberto Duque Portugal

A chamada agricultura familiar constituída por pequenos e médios produtores representa a imensa maioria de produtores rurais no Brasil. São cerca de 4,5 milhões de estabelecimentos, dos quais 50% no Nordeste. O segmento detêm 20% das terras e responde por 30% da produção global. Em alguns produtos básicos da dieta do brasileiro como o feijão, arroz, milho, hortaliças, mandioca e pequenos animais chega a ser responsável por 60% da produção. Em geral, são agricultores com baixo nível de escolaridade e diversificam os produtos cultivados para diluir custos, aumentar a renda e aproveitar as oportunidades de oferta ambiental e disponibilidade de mão-de-obra.

Este segmento tem um papel crucial na economia das pequenas cidades - 4.928 municípios têm menos de 50 mil habitantes e destes, mais de quatro mil têm menos de 20 mil habitantes. Estes produtores e seus familiares são responsáveis por inúmeros empregos no comércio e nos serviços prestados nas pequenas cidades. A melhoria de renda deste segmento por meio de sua maior inserção no mercado tem impacto importante no interior do país e por consequuência nas grandes metrópoles.

Esta inserção no mercado ou no processo de desenvolvimento depende de tecnologia e condições político-institucionais, representadas por acesso a crédito, informações organizadas, canais de comercialização, transporte, energia, etc. Este último conjunto de fatores normalmente tem sido a principal limitante do desenvolvimento. Embora haja um esforço importante do Governo Federal com programas como o Pronaf, programas estaduais de assistência têcnica e associativismo há um imenso desafio a vencer.

A tecnologia disponível quando bem usada tem se mostrado adequada e viável. Isto acontece porque há um grande esforço da pesquisa voltado para o setor. A tecnologia é neutra e não discrimina classes de produtores quanto à área do estabelecimento. A maioria das tecnologias desenvolvidas visa aumentar a produtividade da terra e algumas, como máquinas e equipamentos adaptados aos pequenos produtores, têm como objetivo eliminar a ociosidade da terra ou aumentar a produtividade do trabalho. O desafio maior da agricultura familiar é adaptar e organizar seu sistema de produção a partir das tecnologias disponíveis.

Analisando as variáveis tecnológicas e político-institucionais há dois fatores fundamentais para o desenvolvimento da agricultura familiar: a) a massificação de informação organizada e adequada usando os modernos meios de comunicação de massa (TV, Rádio e internet) e, b) a melhoria da capacidade organizacional dos produtores com o objetivo de ganhar escala, buscar nichos de mercado, agregar valor à produção e encontrar novas alternativas para o uso da terra como, por exemplo, o turismo rural.

O desafio é maior se for considerada a diversidade de situações. Quando se analisa o cenário em que se insere a agricultura familiar observa-se que os problemas são diferentes para cada região, estado ou município. No Norte há dificuldades de comercialização pela distancia dos mercados consumidores e esgotamento da terra nas áreas de produção. No Nordeste são minifúndios inviáveis economicamente. No Sudeste é a exigência em qualidade e saudabilidade dos produtos por parte dos consumidores. No Sul é a concorrência externa de produtos do Mercosul.

Olhando o futuro há dois aspectos. Um otimista e um, que não sendo pessimista, à desafiante. É otimista verificar que há vários modelos de sucesso no esforço de desenvolvimento, quando os obstáculos são eliminados. Mais que isto, é verificar que as experiências de sucesso tem pressupostos comuns: organizaçõo de produtores, qualificação de mão-de-obra, crédito, produtos com valor agregado e emprego de tecnologias adequadas desenvolvidas pela pesquisa agropecuária.

Os exemplos são inúmeros. No Norte destacam-se a exploração econômica do palmito de pupunha e de frutas tópicas da região, a utilização de plantas nativas como a pimenta longa para produzir safrol ou a produção de sementes de dendê, livre de doenças, para exportação. No Nordeste, o controle da produção, processamento e comercialização por parte dos pequenos produtores, com a utilização de uma mini-usina de descaroçar e enfardar algodão, aumentou substancialmente a renda das famílias de um município da Paraíba. Pequenas fábricas de processamento da castanha de caju, paralelamente ao treinamento de mão-de-obra, permitiram que os pequenos agricultores comercializassem sua produção no mercado externo. São 120 unidades em cinco estados com capacidade anual de processar 20 mil toneladas de castanha. No setor de agricultura irrigada, o pequeno agricultor tem tido participação ativa na fruticultura que apresenta boa rentabilidade além de sinalizar um processo de desconcentração de renda na economia regional.

No Sudeste e Sul é cada vez mais perceptível a transformação de pequenas comunidades rurais em unidades de processamento de frutas, legumes, lacticínios e agricultura orgânica. Hoje, nas prateleiras dos supermercados podemos encontrar uma diversidade de produtos oriundos dessas comunidades, com marca própria e registro nos órgãos oficiais de defesa sanitária. São várias associações que estão procurando padronizar o sabor de nossa cachaça para atender ao mercado externo que tem se mostrado ávido por esta bebida. No turismo rural, outra alternativa de renda para os pequenos produtores. São trilhas, pousadas, pequenos hotéis que oferecem aos turistas urbanos comidas típicas, a experiência de vida na zona rural, passeios ecológicos, etc.

Em todos esses casos a pesquisa agropecuária esteve presente. Fornecendo novas variedades e cultivares mais produtivos e resistentes às doenças, disponibilizando novos processos de transformação do produto agrícola, contribuindo para qualificação da mão-de-obra para o uso das novas tecnologias e discutindo com os produtores quais as tecnologias, processos e serviços que a pesquisa agropecuária precisa desenvolver para a agricultura familiar.

O aspecto desafiante é fazer tudo isto em uma velocidade compatível com o processo de transformação que ocorre no Brasil e no mundo caracterizado por um mercado globalizado, aberto e competitivo. De nada adianta uma excelente solução quando o problema já não existe. A agricultura familiar tem pressa. Atender á demanda dessa importante parcela da população brasileira é um desafio gratificante e fundamental para uma sociedade mais justa e harmoniosa.

Fonte:

Este artigo foi publicado na Revista Agroanalysis, no mês de março

(07/12/2004)

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Popularizando o tomate


Projeto de cultivo protegido de tomate traz ótimos resultados logo na primeira safra e estimula os produtores do oeste catarinense


Grande pólo da suinocultura brasileira, a cidade de Chapecó, no oeste catarinense, sempre foi muito carente de produtos hortifrútis. Agora, no entanto, esta realidade já começa a mudar, graças a uma parceria de sucesso entre a prefeitura local e o Sebrae. Com a instalação de cerca de 2,5 mil metros quadrados de estufas, um pequeno grupo de produtores familiares locais vem obtendo bons resultados com o cultivo do tomate, item antes "importado" de Estados como Paraná, São Paulo, Minas Gerais e até Goiás, e que chegavam ao Sul a um preço mais alto do que os erra Verde. Encontrados atualmente na região.

Com o cultivo protegido, os alimentos têm maiores possibilidades de se desenvolver saudáveis, apresentando uma qualidade superior, mesmo utilizando cerca de 90% a menos de agrotóxicos. Isso porque os tomates são muito sensíveis à ação do tempo e de pragas. Em muitas regiões do País, seu cultivo só é possível com grandes cargas de defensivos químicos para deter ataque de fungos e outros agentes. Com as estufas, o ambiente é controlado e os problemas tendem a ser mais amenos. Os resultados da primeira safra, quando foram colhidas mais de 30 toneladas de tomate, provaram a eficiência do processo e encorajaram os produtores a testar novas culturas nesta próxima temporada. Algumas, com maior valor agregado, o que melhora a renda do agricultor.

"Nossa região sempre comprou muitos produtos hortifrútis, especialmente tomate, então chegamos à conclusão que precisávamos produzir por aqui", conta Enio Parmeggiani, agente do Sebrae em Chapecó. "Tudo começou com um grupo de dez produtores, que construíram 2,5 mil metros quadrados de estufas. Já na primeira safra produziram 30 toneladas de tomate de altíssima qualidade e praticamente sem uso de agrotóxicos. O investimento inicial já foi praticamente recuperado apenas com a primeira safra", diz.

Parmeggiani explica ainda que a idéia de produzir tomates na região surgiu durante uma consultoria que o próprio Sebrae vinha realizando em Chapecó. Ao detectar os primeiros interessados no negócio, a instituição elaborou um plano de negócio e disponibilizou técnicos especializados para assessorar, treinar e monitorar o processo, trabalhando desde a construção das estufas até a industrialização e comercialização do produto. "Agora vamos fazer a rotação de culturas. Devemos partir para a produção de pepino, berinjela, brócolis, couve-flor, entre outros", continua, empolgado, Parmeggiani, lembrando que com o sucesso na primeira safra a área plantada também deve aumentar significativamente em 2008. "Utilizamos estes primeiros 2,5 mil metros como aprendizado. Agora já vamos dobrar esta área e ainda auxiliar na montagem de dez novas estufas, com mais cinco mil metros quadrados."

Segundo o agente, as novas áreas deverão ser exploradas por outras famílias, motivadas com os resultados obtidos por seus vizinhos e atraídas pelo baixo investimento necessário para a construção das estufas. "O investimento é baixo. Por usar materiais baratos, o custo fica em torno de cinco a seis mil reais por estufa. Utilizamos apenas materiais da região, só o prego, o arame e o plástico vêm de fora", completa.

Os produtores, por sua vez, estão eufóricos. Bruno Diel, um dos pioneiros na produção em estufas da região, e hoje presidente da Cooperativa dos Produtores Hortifrutigranjeiros Terra Verde, diz que este foi apenas o primeiro passo para que a agricultura na região decole de vez. Para Diel, é importante que se mostrem os resultados para que novos agricultores passem a se dedicar ao cultivo do tomate.

"Já tivemos uma supersafra, muito acima do que esperávamos. O cálculo era entre 18 e 20 toneladas, mas conseguimos bem mais. Com a ajuda do Sebrae esperamos aumentar ainda mais este número, principalmente através de parcerias com outros pequenos agricultores", afirma. "Desta forma poderemos ter tomate durante o ano inteiro."

O produtor destaca que, mais que a quantidade, o que diferencia o produto de Chapecó é a qualidade. "Utilizamos quantidades mínimas de agrotóxicos", gaba-se, já projetando a próxima safra ainda mais lucrativa. "Já temos seis mil mudas de tomate semeadas, mas vamos partir em breve para a produção de outros vegetais. Mais que abastecer a região, nossa idéia é mandar nossos produtos para todo o Brasil."

No final, Bruno Diel faz questão de agradecer a ajuda recebida, segundo ele, fundamental para o sucesso da empreitada. "Sem os técnicos do Sebrae nós não somos nada. Tivemos muitas orientações, pois o tomate é uma cultura muito delicada, que precisa de cuidados especiais", completa o presidente da Cooperativa Terra ao Sul a um preço mais alto do que os erra Verde.

O plantio de tomate em estufa é a novidade no município de Caçador, o maior produtor de Santa Catarina. O horto florestal da prefeitura oferece orientação sobre a técnica.

O engenheiro agrônomo Gastón Pinochet, que desenvolveu o método na região, afirma que é uma excelente alternativa para o período de entressafra.

Na última safra, a cidade produziu 50 mil toneladas da fruta, com 11 milhões de pés plantados, que geraram R$ 15 milhões. Esses números podem subir muito com a expansão da produção do tomate na estufa, destaca Pinochet.

Segundo o engenheiro, a técnica aumenta de três a quatro vezes a produtividade, se comparada à mesma área de plantio a céu aberto.

- O produtor só tem a ganhar. Ele vai colher o tomate no cultivo tradicional e na entressafra vai para a estufa e planta de novo - orienta Pinochet.

De acordo com o secretário de Agricultura, Darci dos Santos, das mil famílias que vivem do tomate em Caçador, seis já aderiram à técnica.

O secretário também ressaltou que o método deve reduzir o êxodo rural durante a entressafra, minimizando um problema social na região.

As vantagens
• Investimento baixo - R$ 6 mil para a construção de uma estufa de 500 metros quadrados
• Baixo custo - uso de defensivos agrícolas cai até 90%
• Adaptação - o tomate deve ser cultivado com temperatura entre 16°C e 22°C. Na estufa, o frio externo pode chegar a 5°C negativos
• Valorização - com menos agrotóxicos, o produto fica mais saudável

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

fertilidade do solo

1. INTRODUÇÃO

O crescimento vegetal não é função de um único fator, mas da ação interativa de muitos. Os
fatores que controlam o crescimento das plantas podem ser:

a) Genéticos: a seleção de variedades mais resistentes ao ataque de pragas e doenças é fato conhecido e de grande importância no processo produtivo.

b) Ambientais: a umidade, a aeração, a energia solar, a temperatura, o solo, as pragas e doenças, os microorganismos do solo e as práticas culturais.
Estes fatores estão estritamente relacionados, mas podem ser agrupados em Clima, Solo,
Vegetal e também o Homem que engloba nele todos os fatores que manejados são capazes de modificar a produção.
Cada fator afeta diretamente o crescimento das plantas e cada um está relacionado aos outros.
Exemplificando: a água e o ar ocupam o espaço poroso do solo, e os fatores que afetam as relações de água necessariamente influenciam o ar do solo. Por sua vez, mudanças no teor de umidade afetam a temperatura do solo. O crescimento de raízes é influenciado pela temperatura, água e ar.

2. CONCEITOS BÁSICOS DE FERTILIDADE DO SOLO

A fertilidade do solo é parte da ciência do solo que estuda a capacidade em suprir (ter e fornecer) nutrientes às plantas. Ela estuda quais os elementos essenciais, como, quando e quanto eles podem interagir com o vegetal; o que limita sua disponibilidade e como corrigir deficiências e excessos. Cada nutriente é estudado profundamente para entender melhor as transformações, a mobilidade e a “disponibilidade” de cada um às plantas.

Em decorrência à necessidade de se avaliar a fertilidade do solo sob uma visão integral e dinâmica, tem-se empregado os termos:

a) Fertilidade natural: é a fertilidade decorrente do processo de formação do solo (material de origem x ambiente).

b) Fertilidade atual: é a fertilidade do solo após ter sofrido a ação do homem. É a fertilidade que o solo apresenta após receber práticas de manejo para satisfazer as necessidades das culturas; dá a idéia da fertilidade de um solo já trabalhado.

c) Fertilidade potencial: é aquela que pode ser manifestada sob determinadas condições. Nestes casos, evidencia-se a existência de algum elemento ou característica que impede o solo de mostrar sua capacidade real de ceder nutrientes. Ex: c.1) solos ácidos, onde o Alumínio (Al) é alto e Cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e Fósforo (P) é baixa.

Alguns outros conceitos importantes em fertilidade são:
Solo fértil: é aquele que contêm todos os nutrientes em quantidades suficientes e balanceadas em formas assimiláveis; possui boas características físicas e microbiológicas e é livre de elementos tóxicos.

Solo produtivo: é um solo fértil situado em regiões com condições favoráveis. Ex: clima, declividade, pedregosidade, alta compactação.
Importante:

Um solo fértil não é necessariamente um solo produtivo, mas todo solo produtivo é um solo fértil. Porquê?

Alguns fatores como drenagem (umidade), insetos, doenças dentre outros, limitam a produção mesmo com fertilidade adequada.

Vale destacar que:

Cerca de 70% dos solos cultivados no Brasil, apresentam alguma limitação séria de fertilidade.
Portanto, através dos conhecimentos gerados pela pesquisa em fertilidade, solos aparentemente improdutivos podem se tornar grandes produtores de alimentos. A aplicação dos conhecimentos de fertilidade do solo pode conciliar a economicidade da atividade agrícola com a preservação do meio ambiente.

Fertilidade do solo x outras disciplinas:

Para melhor compreensão dos fenômenos que ocorrem na área de fertilidade do solo, é necessário o conhecimento de gênese, morfologia, física e classificação de solos, além de conhecimentos básicos de química, biologia, estatística e fisiologia de plantas, principalmente nutrição e microbiologia do solo.

3. NUTRIENTES ESSENCIAIS PARA AS PLANTAS

Para que uma planta se desenvolva normalmente, ela necessita de alguns requisitos indispensáveis: local favorável à fixação de suas raízes. Temperatura adequada, luz solar, ar, água, quantidade suficiente de elementos nutrientes, etc. Essas necessidades são atendidas, em maior ou menor proporção, pelas condições de clima e solo do local onde se encontra a planta.

Atendida as necessidades básicas acima mencionadas, as plantas superiores providos de clorofila, partindo do carbono, oxigênio e hidrogênio, retirados do ar e da água e de diversos elementos provenientes do solo, conseguem, com o auxílio da energia fornecida pela luz solar, sintetizar a matériaorgânica necessária à sua própria formação.

Resumidamente, temos:

Planta H2O + luz + nutrientes

Assim, através da FOTOSSÍNTESE, as plantas têm a capacidade de formar em suas células clorofiladas, inicialmente compostos orgânicos de estrutura simples, depois partem daí para compostos de estrutura mais complexa, como celulose, amido, açúcares diversos, ácidos orgânicos, gorduras, proteínas, enzimas, vitaminas, etc.


Vale lembrar a equação geral da fotossíntese:
6 CO2 + 6 H2O + luz 6 O2 + 6 (CH2O) + ATP (energia)

Para sintetizar todas estas substâncias, as plantas utilizam 18 elementos considerados indispensáveis ao seu metabolismo e que são denominados, nutrientes de plantas, e são agrupados ou classificados da seguinte forma:

a) O rgânicos: carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O), que são elementos originados da água e ar. São responsáveis pela formação de cerca de 90 a 96% dos tecidos vegetais.

b) M inerais: Macronutrientes (primários e secundários) e Micronutrientes, que são elementos originados do solo e responsáveis por cerca de 10 a 4% dos tecidos vegetais. Os macronutrientes são requeridos em maiores quantidades pela planta, e os micronutrientes são aqueles requeridos em menores quantidades.

É importante ressaltar que embora sejam requeridos em menor quantidade, os micronutrientes são tão necessários à planta quanto os macronutrientes, sendo esta separação meramente quantitativa (pelos teores encontrados nas plantas), podendo variar entre as diferentes espécies.
Macronutrientes primários: nitrogênio (N), fósforo (P) e potássio (K).
Macronutrientes secundários: cálcio (Ca), magnésio (Mg) e enxofre (S).
Micronutrientes: boro (B), cloro (Cl), cobalto (Co), cobre (Cu), ferro (Fe), manganês
(Mn), molibdênio (Mo), silício (Si) e zinco (Zn).

A separação entre macronutrientes primários e secundários é apenas didática, uma vez que eles são igualmente essenciais.

No estudo da fertilidade do solo, os elementos C, H e O não são considerados, pois o solo não é a maior fonte destes, conforme visto acima.

Na análise da matéria seca de uma planta de milho, por exemplo, encontra-se cerca de 43,5%
de carbono, 44,5% de oxigênio e 6,2% de hidrogênio. Os macronutrientes primários respondem por cerca de 2,7% do total analisado, isto é, 1,5% de nitrogênio, 0,2% de fósforo e 1,0% de potássio. Os macronutrientes secundários totalizam perto de 0,6% de matéria seca, sendo 0,23% de cálcio, 0,2% de magnésio e 0,2% de enxofre; os micronutrientes entram com porcentagens bem reduzidas que variam de 0,0001 a 0,08% do material analisado.

Os macronutrientes são expressos em % ou g kg-1, sendo esta última a unidade adotada atualmente pelo Sistema Internacional de Unidades, e os micronutrientes expressos em ppm ou mg kg-1, sendo também esta última mais utilizada.

As principais funções dos nutrientes como o N, S e P, são como constituintes de proteínas e ácidos nucléicos. Outros nutrientes como o Mg e os micronutrientes, são constituintes de estruturas orgânicas, principalmente de enzimas moleculares, onde existe envolvimento direto ou indireto na função catalítica das enzimas. O K e possivelmente o Cl, são os únicos nutrientes que não são constituintes de estruturas orgânicas. Estes funcionam principalmente na osmorregulação, ou seja, na manutenção do equilíbrio eletroquímico nas células e na regulação das atividades enzimáticas.

O Co é tido como elemento importante na síntese de vitamina B12 a qual, provavelmente, é necessária para a síntese da leghemoglobina, uma proteína que possui papel primordial na manutenção do ambiente redutor nos nódulos, necessário à fixação do N2 pelas bactérias do gênero Rhizobium. Sendo portanto, essencial para leguminosas em associação simbiótica com bactérias fixadoras de N2 atmosférico.

O Si possui grande diversidade de efeitos benéficos para diferentes espécies. A resistência à infecção por fungos, a ataques de insetos, e à toxidez de Mn são exemplos clássicos. A deposição de SiO2 na parede celular de folhas e do caule de cana-de-açúcar, de arroz e de sorgo, parece conferir considerável rigidez a essas estruturas.

CRITÉRIOS DE ESSENCIALIDADE:

Muitos elementos podem ser encontrados na amostra de um solo, quando se faz a análise química deste, e de modo semelhante, o mesmo pode ser observado nas plantas superiores. De modo geral, qualquer elemento que se encontre na forma “disponível” pode ser absorvido. No entanto, a presença de um elemento químico no tecido vegetal não implica que este seja fundamental para a nutrição da planta. Com base nisto, foi necessário separar os elementos que são essenciais para o crescimento e desenvolvimento das plantas, daqueles que podem ser benéficos ou ainda não são nem benéficos. Para tanto, foram definidos os critérios de essencialidade dos nutrientes.

1. Na ausência do elemento químico a planta não é capaz de completar o seu ciclo de vida, ou seja, germina, mas não chega a se desenvolver e reproduzir.

2. O elemento químico é insubstituível, ou seja, na sua ausência a deficiência só pode ser corrigida através do seu fornecimento.

3. O elemento químico faz parte de molécula de um constituinte ou reação bioquímica essencial à planta.

RESSALTANDO: TODOS ELEMENTOS ESSENCIAIS DEVEM ESTAR PRESENTES NA PLANTA, MAS NEM TODOS QUE ESTÃO PRESENTES SÃO ESSENCIAIS


4. ELEMENTOS BENÉFICOS

Com a evolução das pesquisas na área de nutrição de plantas, foram identificados alguns elementos que podem ser considerados essenciais para algumas espécies de plantas ou mesmo substituir parcialmente a função dos elementos essenciais. Outros, quando em concentrações muito baixas, estimulam o crescimento de plantas, porém sua essencialidade não é demonstrada ou, apenas demonstrada sob determinadas condições especiais. Esses elementos têm sido classificados como elementos benéficos.

O efeito desses elementos no crescimento da planta decorre em alguns casos, de aumento da resistência a pragas e doenças, ou favorecem a absorção de outros elementos essenciais. Entre estes se encontram o Al, Ni, Se, Na e V.

O Al é reconhecidamente um elemento tóxico para muitas espécies de plantas, embora alguns trabalhos têm mostrado que em baixas concentrações ele tem efeito benéfico.

O Ni tem sido capaz de prevenir e reduzir a infecção de plantas por fungos que promovem a ferrugem em trigo. Alguns autores propuseram a inclusão na lista dos elementos essenciais, devido à detecção desse elemento na urease contida nos tecidos vegetais, embora não seja necessário a presença dele para a síntese da proteína, mas como um componente metálico essencial para a estrutura e funcionamento da enzima.

O Se não é importante para plantas, mas é essencial para animais, que o requerem em
quantidades muito pequenas. Por outro lado, ele pode tornar-se tóxico se os teores forem elevados nas forrageiras. Quanto aos seus efeitos benéficos, existem poucos casos na literatura com relatos de respostas positivas, os quais se restringem a poucas espécies e em concentrações muito baixas.

O Na é considerado essencial para algumas espécies do gênero Atriplex encontrados na Austrália e no Chile. O íon Na+ tem se mostrado capaz de substituir o K+ em algumas funções relacionadas com o equilíbrio iônico interno das plantas.

O V tem sido citado como tendo efeitos benéficos apenas para vegetais inferiores.

5. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE OS CONCEITOS DE FERTILIDADE DO SOLO E PRODUTIVIDADE:

Muitas tentativas foram feitas ao longo do tempo, para se conceituar a fertilidade do solo. E, sempre existiu a tendência de se expressar a fertilidade do solo em termos de produtividade (produção por unidade de área), ou seja, fertilidade e produtividade como sinônimos. Entretanto, com o desenvolvimento de técnicas analíticas, o homem adquiriu maior facilidade e capacidade para entender sobre a disponibilidade dos nutrientes, o que lhe permitiu desvincular parcialmente a produção da planta da fertilidade do solo como único e verdadeiro índice da quantidade de nutrientes passíveis de serem absorvidos.

Para esclarecer a diferença entre produtividade e fertilidade, imagine um solo fértil que gere altas produções de algodão na época de verão, quando as temperaturas são elevadas, existe água suficiente e os dias são mais longos. Sem dúvida, no inverno sucederá o contrário e os rendimentos cairão substancialmente. Qual o motivo desta queda de produção, uma vez que a fertilidade permanece adequada?

Conclui-se então que o uso de um solo fértil nem sempre implica na obtenção de alta produtividade, pois têm-se casos de solos férteis com impedimentos físicos, com altos teores de argila, de declividade pronunciada, com alta pedregosidade, de alta compactação, etc.

O conceito sobre fertilidade do solo apresenta algumas limitações importantes em sua interpretação.

Assim, a resposta em produção de uma planta pode ser diferente quando se aplicam doses crescentes de um nutriente em solos de diferente fertilidade. Ex: um Latossolo vermelho escuro (LE) tem maior produtividade do que uma Areia Quartzosa (AQ) quando se mede a produção de matéria seca do capim jaraguá (Hyparrhenia rufa) em resposta à aplicação de diferentes doses de enxofre. Portanto, o LE tem maior produtividade refletindo a sua maior capacidade para ceder elementos essenciais.

Figura. Produção de matéria seca da parte aérea de capim andropogon (Andropogon gayanus) e jaraguá (Hyparrehenia rufa) em resposta à aplicação de diferentes doses de P em um latossolo vermelho amarelo de Minas Novas.


Figura. Produção de matéria seca da parte aérea de capim andropogon (Andropogon gayanus) e jaraguá (Hyparrehenia rufa) em resposta à aplicação de diferentes doses de P em um latossolo vermelho amarelo de Sete Lagoas.

Sob o ponto de vista de um determinado nutriente o solo pode ser fértil, porém, em relação à outro nutriente não. O mesmo pode ser observado em relação à espécie a ser cultivada, ou ainda para diferentes variedades de uma mesma espécie.

6. DISPONIBILIDADE DE NUTRIENTES

A fertilidade do solo tem sido conceituada, como visto acima, como a capacidade do solo ceder nutrientes essenciais às plantas, ou seja, como a “disponibilidade” de nutrientes essenciais. O termo “disponibilidade” está associado com valores fornecidos por métodos de extração química, que apenas raramente extraem dos solos os teores disponíveis; eles fornecem valores que apresentam correlações significativas com o que seriam os teores disponíveis. Portanto, o termo “disponível” é um conceito global que nem sempre pode ser traduzido diretamente por um número.

O teor disponível de um nutriente em uma determinada condição depende, além das formas químicas em que o mesmo se encontra no solo (Ex: micronutrientes quelatizados a radicais orgânicos são mais disponíveis do que na forma iônica; da umidade do solo (condições climáticas); da presença de outros nutrientes e/ou elementos (Al3+, por exemplo); da capacidade de absorção da cultura; do desenvolvimento do sistema radicular; do tempo de crescimento e do pH.

De forma simplificada, a disponibilidade é uma resultante da inter-relação entre os fatores Intensidade(I), Capacidade ou Poder Tampão (C) e Quantidade (Q). O fator I se refere aquela parte do nutriente que se encontra na solução do solo; o fator Q se refere a parte que se encontra na fase sólida e o fator C se refere aquele nutriente que se encontra na fase sólida, mas em condições de ser transferido para a fase líquida (solução do solo), ou seja, Q/I. Vejamos um esquema simplificado:

M+ (sólida) (Q) Û M+ (solução) (I) Û M+ (raiz) Û M+ (parte aérea)
Onde: M+ é um elemento qualquer.

O conceito de fertilidade poderia ficar restrito à fase sólida e líquida, e tem como limite a solução do solo perto da fase sólida, a partir de onde são efetuados os processos de transporte (difusão e fluxo de massa), interceptação radicular e absorção. Esses processos que serão discutidos mais a frente, não devem ser considerados como parte integrante do fator fertilidade do solo, porque são dependentes da água disponível, compactação, volume do solo explorado pelas raízes, capacidade de absorção pelas plantas, etc.

6.1.FATORES QUE AFETAM A DISPONIBILIDADE:

a) Fator Capacidade (C=Q/I) ou Poder Tampão:

A quantidade do nutriente na solução representa o fator intensidade (I), mas a concentração de
qualquer nutriente em solução é normalmente muito pequena, de forma que as plantas, apesar de apenas absorverem os nutrientes da solução, ficam quase totalmente na dependência da fração do nutriente retido na fase sólida capaz de ressuprir a solução do solo. O nutriente existente na fase sólida em forma disponível representa o fator quantidade (Q). Assim sendo, o fator capacidade (C) ou poder tampão do nutriente X é dado pela relação Q/I. Então este é que determina a capacidade do solo em suprir o nutriente à solução, ou seja, representa o poder tampão para o nutriente.

Figura. Representação esquemática dos fatores (Q) Quantidade, (C) Capacidade e (I) Intensidade.

b) Fator transporte:

O nutriente para ser absorvido pela raiz necessita ser transportado até a superfície radicular. Assim, o teor disponível de um dado nutriente, em função do fator transporte, depende de aspectos físicos do solo tais como textura, compactação e teor de água. Por exemplo, para o P a falta de umidade afeta em muito o transporte (Þ difusão).

c) Fator interação:

A presença de outro elemento (nutriente ou não) pode afetar seriamente a disponibilidade de algum nutriente. A interação pode se dar em nível de solução do solo e em nível de raiz (superfície radicular) onde o elemento compete com o nutriente pelos sítios de absorção na raiz (antagonismos e sinergismos). Em nível de solução, pode-se ter as reações de precipitação dos íons fosfatos com os íons Fe e Al:
Al3+ x H2PO4- Û Al(OH)+
2 + H2PO4- Û AlPO4.2H2O (Variscita)
Fe2+ x H2PO4- Û Fe(OH+
2 + H2PO4- Û FePO4.2H2O (Estrengita)

OBS: Estas reações são controladas pelo pH.

A absorção de um determinado elemento pode ou não ser influenciada (aumentada ou diminuída) pela presença de outro. Os seguintes casos são mais comuns:

A. ANTAGONISMO: diz-se que ocorre antagonismo quando a presença de um elemento no meio
diminui a absorção de outro de modo que a toxidez do segundo não se manifesta na planta. Um exemplo clássico de antagonismo é o que se verifica entre cálcio e cobre, ou seja, o efeito prejudicial do cobre pode ser evitado, às vezes, graças à presença do cálcio. O antagonismo é um caso particular de inibição;

B. INIBIÇÃO: trata-se da diminuição na quantidade de um elemento absorvido devido à presença de outro. A inibição pode ser competitiva ou não competitiva.

 I nibição competitiva: quando os dois elementos, por exemplo, M e I (I= inibidor) se combinam com o mesmo sítio ativo do carregador R. Neste caso, pode ser desfeita aumentando-se a concentração de M.

Ex: a inibição competitiva é dada por altas concentrações de potássio no meio e no seu efeito na absorção do Ca e Mg que pode causar deficiência dos últimos e queda na produção, como acontece em culturas mais exigentes em K na adubação, como o algodoeiro, batatinha, bananeira, cafeeiro, laranjeira.

 I nibição não competitiva: é quando a ligação se faz com sítios diferentes, ou seja, quando I
combina-se com sítio não ativo do carregador. Neste caso não pode ser anulada pelo aumento
na concentração de M.
Ex: P x Zn; B x Zn
C. SINERGISMO: a presença de um dado elemento aumenta a absorção de outro.
Ex: o cálcio, em concentrações não muito elevadas, aumenta a absorção de cátions e ânions por seu papel na manutenção da integridade funcional da plasmalema, o que tem conseqüência na prática da adubação; o magnésio aumenta a absorção do fósforo.

Alguns aspectos práticos das interações entre íons:
 A inibição pode induzir deficiência de um dado elemento, assim o excesso de potássio no meio pode causar carência de cálcio e magnésio; o mesmo diga-se com respeito à adubação fosfatada, que pode provocar carência de zinco; a presença de cobre ou de boro junto com zinco em uma solução destinada a corrigir deficiência de zinco e de boro e a controlar a ferrugem do cafeeiro pode comprometer o efeito do zinco, cuja absorção é muito reduzida. Têm-se aqui as duas inibições: o cobre inibe competitivamente a absorção do zinco, já o boro o faz não competitivamente; aumentando-se a concentração do sulfato de zinco na solução, a inibição pelo cobre fica compensada. Porém, para diminuir o efeito depressivo do boro há que se usar outro meio, como introduzir baixa concentração de KCl na solução: a presença de cloro vai aumentar a absorção de zinco pelo efeito do íon acompanhante.
 O aumento do pH causa maior disponibilidade de molibdênio e menor de cobre. Com isto, o Mo pode inibir a absorção do cobre a tal ponto que o seu nível na forrageira caia muito, em conseqüência, o gado poderá sofrer deficiência de cobre.
 O efeito sinergístico pode significar economia ou maior aproveitamento do adubo: a calagem com calcário magnesiano ou dolomítico, além de aumentar a disponibilidade do fósforo, também torna maior a absorção do mesmo, devido à introdução de magnésio na solução do solo.

d) Fator planta:

A morfologia (maior capacidade de emitir pêlos radiculares) e o crescimento radicular exercem
papel muito importante em alterar a disponibilidade de nutrientes. Tem-se que as micorrizas aumentam a área de absorção, promovendo maior aquisição de nutrientes, principalmente o P Þ as hifas minimizam o efeito do fator transporte.

A rizosfera é um ambiente próprio de 1-4 mm ao redor das raízes, com condições muitas vezes,
bastante distintas do solo adjacente. Alterações de pH (1 a 2 unidades) em volta da raiz e de reações de oxiredução promovidas pelas plantas na rizosfera, ou a exudação dos mais variados compostos orgânicos (enzimas como a fosfatase podem liberar o P de compostos orgânicos transformando-o em P inorgânico), podem alterar a disponibilidade dos nutrientes. Ex: as leguminosas tendem a ser mais eficientes em absorver o P de fosfatos naturais, de baixa solubilidade do que as gramíneas, pois a maior absorção de cátions que de ânions, libera H+, e com isso o pH diminui. Vale ressaltar que, a alteração de apenas uma unidade de pH pode afetar a disponibilidade em cerca de mil vezes.
E LEMBRE-SE: por isso foi dito anteriormente que as leguminosas tendem a acidificar o solo.

AUMENTO DA ACIDEZ DA RIZOFERA COM ABSORÇÃO DIFERENCIADA DE CÁTIONS E ÂNIONS

Por que a absorção diferenciada de NO3 - e NH4 +, causa variações no pH?

Quando se fornece um sal amoniacal há uma exsorção de H+ proveniente, por exemplo, da dissociação do H2CO3 respiratório;
No caso da absorção do nitrato, há exsorção de OH-, originados na redução do mesmo: NO3
- + 8 H+ ® NH3 + 2H2O + OH Tem-se aqui, pois, um motivo adicional para o aumento na acidez do solo quando a cultura recebe N na forma amoniacal (N-NH4+) como fertilizante, pois na própria absorção de NH4+ está ligada à liberação de prótons (H+) no meio.
Finalizando, tem-se que considerar além da capacidade do solo em suprir é necessário considerar a capacidade da planta em adquirir o nutriente, ou seja, o que a planta pode fazer para alterar a disponibilidade dos nutrientes. E conforme comentado anteriormente, a planta tem a capacidade de alterar o ambiente radicular, interferindo, assim, na capacidade do solo em ceder nutrientes.
É importante considerar a relação solo-planta-microorganismos.

7. TRANSPORTES DE NUTRIENTES PARA AS RAÍZES

As plantas obtêm os nutrientes que necessitam através da absorção pelas raízes dos elementos
existentes na solução do solo. O transporte de íons se dá por três processos: Interceptação radicular, Fluxo de massa e Difusão.

Figura. Transporte de nutrientes.

7.1. Interceptação radicular: É o contato direto entre raiz e colóide havendo a troca do elemento. É uma conseqüência do crescimento radicular apenas, e facilita a difusão por diminuir as distâncias entre os elementos e a raiz. A contribuição por esse processo é pequena, a não ser que o teor disponível no solo seja elevado, e na verdade não é considerado como transporte. As raízes das plantas apresentam capacidade de troca de cátions e ânions (CTC e CTA) da mesma forma que o solo. A CTC das raízes varia conforme a espécie, sendo maior nas leguminosas do que nas gramíneas. As leguminosas (dicotiledôneas) apresentam maior absorção de cátions bivalentes (2+), portanto, maior CTC do que as gramíneas (monocotiledôneas).

7.2. Fluxo de massa: consiste no transporte de nutrientes com o fluxo de água (solução do solo) até a superfície das raízes em função da transpiração. A quantidade do nutriente que pode atingir as raízes desse modo é proporcional ao volume de H2O absorvido e à concentração do elemento na solução do solo. É mais importante para o nitrogênio.

7.3. Difusão: É o movimento do nutriente de um ponto mais concentrado para um ponto de baixa concentração, através da água. Por causa da absorção de nutrientes, cria-se um gradiente de concentração na solução do solo próximo à superfície das raízes. É mais importante para fósforo e potássio. A difusão pode ser aumentada através da adubação e/ou irrigação.
Os coeficientes de difusão, em m2. s-1, em água e solo são, respectivamente:
NO3- = 1,9 x 10-9 e 10-10 a 10-11
K+ = 2,0 x 10-9 e 10-11 a 10-12
H2PO4- = 0,9 x10-9 e 10-12 a 10-15
Calcula-se que, no solo, o nitrato se difunde apenas 3 mm por dia; o K+ caminharia 0,9 mm e o H2PO4- alcançaria 0,13 mm.
Figura.

Aspectos práticos do transporte de nutrientes:
a) Época de aplicação e localização de fertilizantes Þ N aplicação parcelada; P sem parcelamento e aplicado próximo às raízes; K parcelado em solos arenosos, sujeitos a lixiviação e aplicação localizada.
b) Micorrizas (importante para elementos imóveis no solo, como o P).

Algumas considerações importantes:
O N, por ser absorvido na forma de NO-3, que é uma forma livre não adsorvida ao solo, praticamente acompanha a água que entra na planta, daí porque o fluxo de massa é responsável pelo atendimento quase que total das necessidades da cultura, o mesmo acontece com SO=4.
O cálcio e o magnésio, existem em teores altos na solução do solo e, assim, a interceptação radicular atende parte considerável da demanda da planta. Pela mesma razão, o fluxo de massa supre a maior parte dos dois nutrientes. É comum quantidades maiores que as necessárias atingirem as raízes; é que se chama de “difusão para trás”.
O P, pelas baixas concentrações existentes em solução, chega às raízes, principalmente por difusão.
O mesmo acontece com o K, apesar de ocorrer em maiores concentrações na solução do solo, além de ser mais móvel. Isso, porque na presença considerável de sais, parte do K fica no interior da solução do solo neutralizando os coíons (-), escapando assim, da atração direta das cargas negativas da superfície das partículas, o que aumenta sua mobilidade.
Coíons= ânions que estão mais distantes da superfície coloidal, e cujas cargas são contrabalançadas por cátions (+).

8. LEIS DA FERTILIDADE DO SOLO OU DAS ADUBAÇÕES:
Para a maximização da produtividade vegetal, há necessidade de uma adequada disponibilidade de N, P, K, Ca, Mg, S, B, Cl, Cu, Fe, Mn, Mo e Zn. Senão, a produção será limitada pelo nutriente que estiver em menor disponibilidade.
Diversos princípios ou leis tem sido propostos para o estabelecimento matemático das relação entre crescimento de uma planta e da qualidade e proporção dos elementos essenciais a ela fornecidos. A importância do conhecimento dessas leis está na recomendação equilibrada, em termos quantitativos e qualitativos, pois afetam o uso eficiente de fertilizantes.
Os princípios da adubação são provenientes de três leis fundamentais: lei da restituição, lei do
mínimo e lei do máximo e, duas derivações da lei do mínimo: lei dos incrementos decrescentes e lei da interação e uma derivada da lei do máximo: lei da qualidade biológica.

8.1.Lei da Restituição:
Baseia-se na necessidade de restituir ao solo aqueles nutrientes absorvidos pelas plantas e exportados com as colheitas, ou seja, aqueles que não foram reciclados. Essa lei considera o esgotamento dos solos em decorrência de cultivos sucessivos, como uma das origens da redução da produtividade. “É indispensável, para manter a fertilidade do solo, fazer a restituição, não só dos nutrientes exportados pelas colheitas, mas, também daqueles perdidos do solo, por erosão, lixiviação, fixação, volatilização, etc.”(VOISIN, 1973).
Algumas limitações desta lei:
- Muitos solos são naturalmente pobres em um ou mais nutrientes, ou apresentam problemas de acidez ou salinidade, portanto, o primeiro objetivo seria corrigir as deficiências ou excessos existentes.
- Os solos estão submetidos à perda de nutrientes por lixiviação e mesmo por erosão, perdas que muitas vezes são intensificadas pela adição de corretivos e fertilizantes, por exemplo, pelo uso do gesso, que aumenta a mobilidade de cátions em profundidade, no perfil do solo. Em geral, essas perdas são insignificantes para P, mas para N, K, S, Ca e Mg podem ser muito importantes.

8.2. Lei do mínimo ou de Liebig (1862):
"O crescimento e a produção da planta são limitados pelo nutriente que se encontra em menor
quantidade no meio". Esta lei estabelece uma proporcionalidade direta entre a quantidade do fator de produção, em nível mais limitante e a colheita (Y= a+ bX). RESUMINDO: o nutriente que regula a produção é o que estiver no mínimo, ou menos disponível para as plantas. Esta proposição é de importância universal no manejo da fertilidade do solo, visando uma recomendação equilibrada de fertilizantes, sendo que o conceito de equilíbrio de nutrientes é vital em fertilidade do solo, quando se pensa na produção das culturas.
Nos sistemas de exploração agrícola objetivando elevadas produtividades, a lei do mínimo torna-se de maior importância. Inclusive, devendo-se considerar a disponibilidade de nutrientes tais como S, Mg e micronutrientes. Infelizmente, os princípios básicos da proposição secular de Liebig são muitas vezes esquecidos pelos técnicos.
Esta lei tem sido ilustrada, tradicionalmente, por um barril, tendo algumas tábuas com diferentes alturas, sendo a tábua com menor altura a que representa o elemento mais limitante. O aumento dessa tábua permitirá aumentar o nível de líquido no barril até o limite de outra tábua, agora a de menor altura.
Atualmente, a lei do mínimo se exprime, com mais freqüência, considerando seu aspecto qualitativo, ou seja, a insuficiência de um nutriente no solo reduz a eficácia dos outros elementos e, por conseguinte, diminui o rendimento das colheitas, e não pela eliminação completa dos efeitos de outros nutrientes.


Figura. Lei do Mínimo ou de Liebig.

8.2.1. Lei de Mitscherlich ou dos rendimentos não proporcionais (incrementos decrescentes):
"Quando se aplica doses crescentes de um nutriente, os aumentos de produção são elevados
inicialmente, mas decrescem sucessivamente". Mitscherlich, observou que, com o aumento progressivo das doses do nutriente deficiente no solo, a produtividade aumentava rapidamente no início (tendendo a uma resposta linear) e estes aumentos tornavam-se cada vez menores até atingir um "plateau", quando não havia mais respostas a novas adições. Os fundamentos dessa lei são básicos para a análise econômica de experimentos de adubação, ou seja, no cálculo da dose econômica. Produtividade máxima econômica= produtividade que proporciona maior lucro, ou seja, produzir mais unidades (Kg ou t)/ hectare, com menores custos de produção por unidade. Normalmente, a nível prático, a dose econômica é de 80-90% da produção máxima.


Figura. Curva de resposta à adição de um nutriente

Figura. Resposta em produtividade de acordo com doses de nitrogênio aplicado.

Figura. Relação entre a eficiência das adubações e a Produtividade Máxima Econômica (PME). PM = Produtividade Máxima. Fonte: Alcarde et al (1998)

8.2.2. Lei da Interação:
Variante moderna da lei do mínimo, considerando-se o aspecto qualitativo. “Cada fator de produção é tanto mais eficaz quando os outros estão mais perto do seu ótimo”. Esta lei exprime que é ilusório estudar, isoladamente, um fator de produção, e que pelo contrário, cada fator deve ser considerado como parte de um conjunto, dentro do qual ele está relacionado com outros por efeitos recíprocos, pois eles se interagem.
Muitos experimentos tem mostrado que existem interações entre os elementos e outros fatores de produção, isto é, um ou mais elementos exercem influência mútua ou recíproca. Essa influência pode ser positiva ou sinérgica, ou ao contrária ser negativa ou antagônica (Tabela abaixo).


8.3.Lei do Máximo:
“O excesso de um nutriente no solo reduz a eficácia de outros e, por conseguinte, pode diminuir o rendimento das colheitas.”(Voisin). Nesse caso, é o excesso que limita ou prejudica a produção. “A dose faz o veneno”(Paracelso).

8.3.1. Lei da Qualidade Biológica:
“A aplicação de fertilizantes deve ter como primeiro objetivo a melhoria da qualidade do produto, a qual tem prioridade sobre a produtividade” (Voisin). Este pesquisador propôs esta lei considerando os efeitos negativos na alimentação animal pela produção de pastagem com teores desequilibrados de nutrientes, pela adição exagerada de certos corretivos ou adubos. Embora seja importante, esta lei é de aplicação prática difícil. Um exemplo: na cultura do fumo não se deve usar adubação potássica com cloreto potássico, pois o íon Cl-, prejudica a combustão do fumo. Da mesma forma, fontes nitrogenadas à base de NO3- deve ser evitadas em culturas como a alface, devido a este íon ser tóxico ao ser humano.
OBS: Somente a adubação não é responsável pela produção; a contribuição dos adubos no aumento da produtividade das culturas é de 30-50%; de 50-70% depende de variedades, sementes selecionadas, práticas culturais, pragas e doenças, etc. O calcário não deve ser esquecido: a relação ideal é de 4:1 e no Brasil hoje é de 1:1 Þ baixo uso de calcário e fertilizantes. Outras interações importantes: água x adubação; variedades x adubação. E lembrando que: de nada adianta água e variedade de alto potencial produtivo se adubação não acompanha.

sábado, 13 de dezembro de 2008

mirtilo

Mirtilo

Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Ericales
Família: Ericaceae
Género: Vaccinium
Espécie: V. myrtillus
Nome binomial Vaccinium myrtillus

O mirtilo, também conhecido como arando ou uva-do-monte, ou até blueberry (Vaccinium myrtillus) é um arbusto que pertence à família Ericaceae (família da azálea). As plantas são arbustos de pequeno porte que crescem em sub-bosques de florestas temperadas na Europa.


Vive em regiões nas quais o inverno é bastante rigoroso, daí a dificuldade em cultivá-lo no Brasil. Mas algumas cidades no planalto meridional e nas serras de nordeste do estado do Rio Grande do Sul, já estão sendo introduzidos de forma satisfatória no sul do Brasil, em cidades planálticas, visto que o planalto catarinense ou meridional se encontra na zona subtropical e a uma altitude média de 1000m. Cidades como São Joaquim, Bom Jardim da Serra, Urupema em Santa Catarina já estão introduzindo o fruto com sucesso, pois as temperaturas anuais deste logradouros encontra-se, entre as mais baixas de todo o Brasil com média de 11ºC a 13ºC anuais.

No estado do Rio Grande do Sul, estas estão sendo inseridas, nas cidades mais altas das serras de Nordeste do estado, e em cidades com altitudes entre 900 a 1200m, tais como: São José dos Ausentes, Bom Jesus, Vacaria, Cambará do Sul, Jaquirana e São Francisco de Paula, visto, que apesar de serem altas e frias o ano inteiro, também possuem solo muito fértil e uma boa distribuição de chuva durante o ano todo. Em Portugal vive em regiões nas quais o inverno é rigoroso, porque necessita em média de 500 horas anuais de temperatura entre os 10º e os 12º celsius. É na zona do médio Vouga, no vale do Rio Vouga que se encontra o local ideal para a produção deste fruto, nos concelhos de Oliveira de Frades, Sever do Vouga, Águeda e Albergaria-a-Velha, sendo Sever do Vouga o que reúne as melhores condições.

Uso medicinal
Atua em casos de diarréias graves. Indicado para ação local no alívio de inflamações na boca e catarros. Já foi muito utilizado contra febres. É atribuída à mirtilina a ação antibacteriana, sendo atualmente aceita como tratamento para infecção urinária baixa de repetição, principalmente em forma de suco. Possui um valor nutritivo indiscutível utilizado em marmeladas (compotas), talvez seja esta razão por ajudar a melhorar a visão noturna, devido à presença de vitaminas.
Mirtilo é uma planta que trabalha bem na restauração da pequena circulação e por isto é usada em retinopatia diabética, falta de perfusão renal, pé diabético etc.
Pesquisas recentes mostram que o mirtilo também é eficaz no combate aos radicais livres e ao colesterol ruim no organismos.

Uso culinário
Na culinária pode ser utilizada em müsli, geléias, marmeladas, vinho e bolos. Seu suco era empregado para tingir finos vinhos tintos.


Mirtilos selvagens colhidos na Noruega.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

boas praticas de conservaçao do solo

SOLOS

PRÁTICAS DE MANEJO E CONSERVAÇAO DO SOLOI- AUMENTO DA COBERTURA VEGETAL DO SOLOII- AUMENTO DA INFILTRAÇAO DE AGUA NO PERFIL DO SOLOIII- CONTROLE DO ESCORRIMENTO SUPERFICIALI- AUMENTO DA COBERTURA VEGETAL DO SOLOO

Aumento de cobertura vegetal do solo se da através de: culturas e de resíduos culturais.
1-PRODUÇAO VEGETAL- esta diretamente relacionado ao aumento de produção,quanto maior a produção, maior será a quantidade de biomassa produzida, assim protegendo o solo contra a erosão.
2-POPULAÇAO DE PLANTAS- usar espaçamentos adequados,constitui r uma população espacial,adequando o espaçamento linear e entre as plantas, assim cobrindo o solo em menos tempo,evitando o impacto da gota da chuva. Adequando o espaçamento diminui a infestação de ervas e erosão
3-CALAGEM- uma calagem adequada possibilita o maior aproveitamento do potencial produtivo. Há um maior desenvolvimento de raízes e aproveitamento de nutrientes e água.
4-ADUBAÇAO MINERAL- a adubação mineral é imprencidivel, principalmente a nitrogenada e fosfatada. Através da adubação há aumento na produtividade e cobertura vegetal do solo.
5-ADUBAÇAO VERDE- nas entressafras em que o solo fica a mercê das intempéries, deve-se usar adubação verde da época. Técnica para obtenção de cobertura vegetal durante um maior período,alem disso aumenta a fertilidade e melhora as condições químicas físicas e biológicas do solo.VANTAGENS: -produção de biomassa-controle de erosão-aumento de produção-redução de ervas daninhas (efeito alelopático)-redução dos custos com adubação nitrogenada, reciclagem de nutrientes,herbicid as e custos operacionais.
6-ROTAÇAO DE CULTURAS- produção de maior biomassa em diversas épocas do ano, desde que as culturas que se deseja implantar não necessitam de outros equipamentos e infraestrutura, aumentando o custo e que os preços dos produtos escolhidos para intercalcar sejam satisfatórios.
7-PREPARO DO SOLO- considerado o item de maior importância no controle de erosão. Deve-se ter muito cuidado no momento de escolher o equipamento para preparo do solo. Os equipamentos munidos de dentes contribuem para o controle de erosão,já os de disco não são tão eficientes no que se diz respeito ao controle de erosão. Outro parâmetro que devemos analisar é época de prepar
o do solo. Devemos dar preferência para as épocas de estiagem ou que não ocorram chuvas torrenciais.No preparo do solo devemos levar em conta:-equipamentos adequados-rotação de culturas-rotação de preparo de solo utilizando equipamentos diferenciados-não usar fogo-preparar o solo com umidade adequada
8-CONTROLE DO MATO- pode ser utilizado roçadeira no verão sem que o revolvimento do solo e a utilização de produtos químicos no inverno, sempre deixando cobertura morta sobre o solo.
9- COBERTURA MORTA- protege o solo do impacto da gota da chuva,aumenta a infiltração,reduz a variação de temperatura do solo,incorpora matéria orgânica e melhora a estrutura da camada superficial.

II- AUMENTO DA INFILTRAÇAO DE AGUA NO PERFIL DO SOLO

A infiltração de água no solo varia de acordo com: textura,estrutura, porosidade,estabili dade de agregados, grau de cobertura vegetal,rugosidade e selamento superficial, sendo que este ultimo, se dá através do impacto da gota da chuva e as outras se da através do preparo do solo.

III- CONTROLE DOESCORRIMENTO SUPERFICIAL

1-PREPARO DO SOLO E PLANTIO EM NIVEL- o preparo do solo adequado com plantio em nível reduz em ate 50% a perda de solo,e 30% as perdas de água e nutrientes através do escorrimento superficial.
2- ENLEIRAMENTO EM NIVEL- é um método que pode ser adotado em pequenas propriedades, onde as áreas são de tamanho reduzido, utilizando restos de culturas enleirados em linha,espaçados adequadamente para controlar o escorrimento.
3-FAIXAS DE VEGATAÇAO PERMANENTE- método que tem grande capacidade de retenção de água,usando alguma gramínea plantada em linhas de nível por dentro da lavoura, podendo também ser estabelecida nos terraços.
4- CORDOES EM CONTORNO- este método é mais utilizado em áreas de fruticultura ou culturas permanentes.
5- TERRACEAMENTO- considerada a técnica mais utilizada no controle de escorrimento. Construído de forma correta controla ate 87% das perdas de terra e 12% das perdas de água.Para que tenha ótima eficiência, deve estar associada e dimensionada para atender as condições de cada terreno como: cobertura vegetal, adubação verde, declividade, infiltração,tipo de solo, cultura a ser introduzida e tipo de terraço a ser construído.
6-CANAIS ESCOADOUROS E DIVERGENTES- são construídos para controlar o excesso de água da chuva,destinando- a para córregos permanentes de forma segura e sem erosão. Possuem as seguintes finalidades:-desviar a enxurrada de cabeceiras de voçorocas;-reduzir o comprimento de rampa em terrenos não terraceados ou estruturados em faixas de rotação;-desviar as águas de chuvas próximas às construções e instalações rurais-proteger as áreas planas das áreas mais altas do processo errossivo-conduzir a enxurrada formada nas estradas,que causam erosão nas glebas marginais-proteger áreas cultivadas em baixadas sujeitas a inundações ou problemas de drenagem e sedimentação;
7-PRATICAS COMPLEMENTARES -são praticas que devem ser utilizados juntamente com todas as outra praticas de controle de escorrimento superficial e erosão;
-readequaçao de estradas
-caixa de captação de água pluvial-localização de construções e benfeitorias rurais
-controle voçorocas
-açudagem
-correção de cercas
-localização de pontes,aterros e drenagem etc.

--Postado por Fernando Grossklaus no GROSSKLAUS em 10/29/2008 08:56:00 AM


A aceitação de hortifrutis processados vem crescendo ano a ano. Dados do Instituto de Economia Agrícola demonstram que o setor de indústria rural do Estado de São Paulo arrecadou cerca de R$ 203 milhões em 2003, e o processamento de hortaliças representou um índice de R$ 1,375 milhão. Pode parecer pouco, mas, comparando com dados de 2002 (R$ 92 mil), o processamento de hortaliças está em franco crescimento.O crescimento desse mercado está associado às mudanças na estrutura de consumo, decorrentes da valorização da qualidade de vida e de um sistema de informação mais eficiente. Essa tendência de expansão parece irreversível, na medida em que ocorre em todo o mundo.Economia hortícolaO mercado brasileiro de alimentação vem passando por alterações, provocadas pela estabilização da economia e por mudanças de hábitos dos consumidores. Exemplos dessas modificações são a rápida evolução do uso de restaurantes 'self-service' e alimentos 'fast-food', aumento do consumo de alimentos semi-prontos e uma maior atenção à relação alimentos/saúde.Essas mudanças têm levado ao desenvolvimento de produtos que consideram os aspectos qualitativos, a busca de conveniência, a valorização da saúde e, mais recentemente, a valorização do aspecto ético na comercialização das mercadorias.Em decorrência deste processo, tem-se observado uma maior segmentação de mercado, criando oportunidades para o consumo de produtos dirigidos aos consumidores de renda mais elevada.Diferentes tipos de processamento de hortaliças têm sido, dessa forma, valorizados por aqueles consumidores que apresentam interesse por novidades na área alimentar para consumo "in natura" (no caso do processamento mínimo), por produtos semi-prontos, saudáveis ou seguros.O começo de tudoNa década de 70 surgiram, nos Estados Unidos, vegetais pré-processados, reunindo a praticidade e a conveniência. Esse mercado se expandiu e continua crescendo em todo mundo, principalmente nos países desenvolvidos, justamente para atender a demanda mundial de vegetais frescos minimamente processados ou "prontos para o consumo".Segundo Juliana Sanches, Pesquisadora Científica do Instituto Agronômico/ Centro APTA de Engenharia e Automação, o conceito de minimamente processado engloba todos os produtos frescos submetidos a pequeno processamento, normalmente, seleção, lavagem, corte, fatiamento e embalagem."Uma grande mudança nos padrões de consumo de frutos e hortaliças, no Brasil, tem ocorrido durante a última década. A popularidade de frutos e hortaliças frescos está aumentando em relação ao consumo de produtos enlatados. O consumidor, mais exigente, avalia a qualidade dos produtos adquiridos, considerando principalmente quesitos como valor nutritivo, praticidade, condições higiênico-sanitárias e características sensoriais", analisa a pesquisadora Juliana Sanches.Como o mercado dos vegetais minimamente processados é representado por um público seletivo e exigente, deve-se priorizar o padrão de qualidade já na produção, utilizando-se variedades de acordo com as preferências do consumidor (cor, tamanho e sabor), e escolha correta dos insumos para o fornecimento constante e com qualidade homogênea. Para o produtor, aponta Juliana Sanches, as principais vantagens são agregar valor ao produto, eliminar intermediários, redução de perdas e obter preços constantes ao longo do ano sem depender de cotações sazonais.Praticidade e agilidadePara os consumidores as vantagens das hortaliças minimamente processadas são: a praticidade, pois o produto vem pronto para consumo; alta qualidade sanitária; manutenção das características sensoriais e nutricionais do vegetal fresco; eliminação de desperdício; aquisição apenas da parte comestível do vegetal; possibilidade de compra de menores quantidades; possibilidade de conhecer a procedência do produto e de escolher marcas.Juliana Sanches enumera que o sucesso na comercialização de frutos e hortaliças minimamente processados depende de alguns fatores, tais como: a manutenção de alto nível de qualidade sensorial por ocasião do consumo; controle de qualidade através de tratamentos pós-colheita; embalagem adequada usando impressos informativos, incluindo a marca; preços competitivos

as evoluçoes da horticultura

"Estima-se que a produção atual de hortaliças no Brasil seja superior a 11 milhões de toneladas com um valor aproximado de 2,5 bilhões de dólares. Esta produção em nosso país apresenta características contrastantes, revelando enormes diferenças na adoção de insumos e tecnologias. Nos últimos anos, a crescente demanda e a exigência pôr produtos de melhor qualidade, tem afetando significativamente a forma da produção e comercialização das hortaliças. Neste sentido, nota-se em diferentes regiões do país, o emprego de novas tecnologias visando a otimização da produção olerícola. Avanços em tecnologias de precisão, incluindo "Global Positioning System" (GPS), cultivo protegido, "mulching", sistemas computadorizados, fertirrigação, hidroponia, programas de manejo integrado de pragas e doenças, uso de sementes híbridas e/ou produtos geneticamente modificados (transgênicos), mudanças nos hábitos alimentares, e consequentemente mudanças na forma de comercialização, vem sendo associados com a produção olerícola. A seguir apresentaremos algumas evoluções tecnológicas na produção hortícola.

Evoluções Tecnológicas na Produção Hortícola
Plasticultura; Sistemas de Irrigação, Hidroponia; Desenvolvimento de Variedades; e Manejo de Solo e Plantas

1-Plasticultura

O cultivo protegido já é uma realidade em diferentes regiões produtoras. O sistema mais difundido atualmente é a utilização de estufas ou estruturas afins. A utilização destas estruturas possibilita aumentos de produtividade em pequenas áreas e principalmente em períodos de entre-safra. O produto final deste sistema é uma maior estabilidade da produção. Ainda, o cultivo protegido propiciará produtos de alta qualidade e mais saudáveis, características estas buscadas cada vez mais pelos consumidores. Como este sistema requer um alto investimento inicial, a maximização da produção deve ser enfatizada; outras mudanças na forma de produção são trazidas conjuntamente.
Juntamente com o desafio que os agricultores começaram a enfrentar para controlar o ambiente das plantas, iniciou a mais nobre das aplicações do plástico na agricultura, que é na produção de alimentos.
Surgiram as estufas, a cobertura morta de solo, os túneis altos, a impermeabilização dos reservatórios e canais de irrigação; como também, muitas outras formas importantes de utilizar o plástico, nas diferentes atividades dos produtores rurais.
A Plasticultura, ciência que estuda a aplicação do plástico na agricultura, desenvolveu várias etapas de trabalho para que o agricultor não a empregue, de forma inadequada.
Então, aprender na prática o manuseio dos filmes agrícolas; as formas de aplicação, comprovando sua viabilidade; assimilar o comportamento das plantas - decorrentes da influência do plástico - provaria se a utilização do mesmo iria trazer vantagens concretas nas suas atividades, pois, adaptar as técnicas da plasticultura ás condições de cada região, é primordial.
O Polietileno de Baixa Densidade (PEBD), produto derivado da Nafta, é o material mais empregado na Plasticultura, para cobertura morta de solos (Mulching) e cobertura dos túneis e estufas. A transparência à irradiação solar do Polietileno está na faixa dos 80%. Isto quer dizer que dentro das estufas temos 20% menos luz que no exterior.
A transparência do plástico deixa passar pela parede do material a maior quantidade possível de luz e depende de três fatores:
-Poder Absorvente de Luz - o material absorve maior ou menor porcentagem de radiação solar.
-Poder de Reflexão – os raios solares que não atravessam o plástico refletem na superficie externa do plástico, dependendo do ângulo de incidência da radiação recebida.
-Poder de Difusão – as irradiações solares se difundem ao passar pelo plástico e como conseqüência, temos mais luz no interior da estufa.
A espessura do plástico tem pouca influência na transparência do polietileno. Na ordem de 1 a 2% para espessuras entre 100 e 200 micra. A opacidade do polietileno às radiações noturnas consiste em não deixar passar pelo material, durante a noite, o calor emitido pelas plantas, pelo solo e pelas estruturas das estufas.
De acordo com a sua utilização e a necessidade das culturas surgiram os mais variados tipos de plásticos que serão apresentados a seguir:

1.1- PEBD(Polietileno de Baixa Densidade)

O PEBD aditivado com absorvedores de irradiação ultravioleta tem uma durabilidade estimada de 18 meses à exposição solar, pois os aditivos anti-UV nele incorporados lhe permitem, durante este período de exposição à irradiação solar, resistir principalmente à ação do ultravioleta. Da irradiação ultravioleta que atinge a terra (rés do chão), cerca de 5% consiste de ultravioleta nível B (UVB) e os restantes 95% são da ultravioleta nível A. Embora os 5% da irradiação UVB represente uma pequena participação, é ela a principal responsável pelas queimaduras, fotodegradação e fotoenvelhecimento.Um polietileno sem proteção à irradiação solar, principalmente a ultravioleta (UV), não resistiria mais de 90 dias à exposição solar. Os aditivos anti-UV mais modernos e comumente utilizados para a proteção de filmes agrícolas, para estufas e túneis, contra a fotodegradação, é atualmente o HALS ( Hindered Amine Stabilizers), um fotoestabilizador do tipo amina.

1.1.1- Os estabilizadores de luz HALS

Os estabilizadores de luz HALS pertencem a uma classe de substâncias quimicamente reativas que bloqueiam os radicais livres criados pela degradação da ligação dupla do carbono, que é a matriz do polímero, provocada e desencadeada pela ação nociva dos raios ultravioleta.
Cabe destacar que os estabilizadores de luz a base de HALS são propensos aos ataques de produtos químicos ácidos. Esta sensibilidade se manifesta especialmente à vários agroquímicos (inseticidas, fungicidas, herbicidas, etc.), que contém em sua composição derivados de enxofre e/ou produtos halogênios.

1.2-Trifilme

A linha Trifilme é conhecida por sua qualidade. São filmes aditivados com Anti-UV e por isso duram mais, uma vez que estabilizando a ação da irradiação solar, evitam seu envelhecimento precoce. O Trifilme é fabricado por co-extrusão ( três camadas), conferindo ao material qualidade e resistência superior. Por este processo são produzidos o Trifilme Leitoso, Difusor de luz, Térmico, Antigotejo, Antiestático e Fotosseletivo.
Os filmes transparentes aditivados com Anti-UV, utilizados para a cobertura de túneis e estufas, são comercializados em bobinas, cujas larguras variam de 2,20 m, 4 m, 6 m, 7,60 m , 8 m e 10 m. Com 100 m e 105 m de comprimento

1.2.1- Trifilme Térmico

O “Efeito Térmico” do polietileno térmico é a propriedade de ser relativamente opaco às irradiações infravermelhas de comprimento de onda longa, emitidas pelo solo, pelas plantas e pelas estruturas das estufas, diminuindo os riscos da inversão térmica e melhorando o Efeito Estufa. A espessura dos filmes de polietileno têm grande influência sobre o efeito térmico, diminuindo consideravelmente a capacidade de retenção das ondas longas / energia calorífica, quando se reduz a sua espessura. Por exemplo: um polietileno térmico de 200 micra ( 0,2 mm) tem uma capacidade de retenção de 30% da energia calorífica, enquanto num filme térmico de 100 micra (0,1 mm) sua capacidade térmica fica reduzida a 13%. Os polietilenos incorporados do Copolímero EVA (Acetato de Vinil Etileno) têm características semelhantes ao Copolímero EVA puro, comparando-se a transmissão global de luz.
As lâminas com EVA são mais flexíveis e mais resistentes aos impactos, porém apresentam menor resistência ao rasgo. São mais transparentes à irradiação solar e mais difusoras de luz que o PEBD puro. A durabilidade do PEBD incorporado de EVA corresponde às mesmas garantias do PEBD aditivado anti-UV.

1.2.2-Trifilme Plastilux

Filmes em três camadas, com moderna aditivação, que apresentam vantagens como:

- Menor reação dos aditivos com os defensivos agrícolas;
- Maior eficiência na estabilização da cadeia de carbono dos filmes;
- Filme foto seletivo, possui aditivos que filtram mais de 80% da radiação UVB (filme de 150 micra). Radiação UVB é nociva aos cultivares e ao homem, é responsável pelo foto envelhecimento, queimas. Esta absorção, é conhecida popularmente, como efeito anti vírus, pois a ausência deste espectro de luz, inibi a presença do inseto vetor (minador, mosca branca, pulgões, trips).
- Absorvedor de alta permanência no filme. O seu poder de absorção permanece por mais de 24 meses, com baixas perdas.

1.2.3- Trifilme Antigotejo

O ar contém sempre uma quantidade de vapor de água. A quantidade máxima que ele pode contêr depende da temperatura ambiente. Num dia normal, quando temos 20º C de temperatura do ar, com uma umidade relativa do ar de 70%, certamente teremos10,3 gramas de vapor d'água por quilograma de ar seco.
A condensação de água numa cobertura plástica de polietileno ocorre pela diferença térmica entre o interior e o exterior da estufa, condensando o ar quente e úmido. As gotas se unem formando uma gota maior e esta perde sua força de sustentação, caindo sobre as plantas, assim favorecendo a ocorrência de doenças. Se mantermos a temperatura interna da estufa a 10º C, verificaremos que contém 7,6 gramas de vapor d'água, 10,3 g – 7,6 g = 2,7 gramas de ar seco que irão se condensar junto das paredes do plástico da estufa.
Para controlar a formação da gota, uma vez que é impossível evitar a condensação do vapor d'água no interior da estufa, desenvolveu-se o Trifilme Antigotejo. Este consiste num polietileno transparente aditivado de um elemento químico responsável pelo efeito Antifogging, isto é, não permite a formação da gota d'água junto do plático da cobertura, reduzindo à zero a tensão superficial entre ambos e fazendo com que a água da condensação escorra junto da película de plástico, sem cair sobre as plantas.

1.2.4-Trifilme Antiestático

Sabemos que uma grande quantidade de pó está presente em suspensão no ar que respiramos. O polietileno tem uma grande afinidade com este pó, pois quando exposto à irradiação solar, formam-se micro furos na superfície do plástico da face exposta ao sol. Então os micro grãos de pó se acomodam e ocupam estes pequenos espaços, provocando um certa opacidade no plástico. O filme transparente aditivado Anti-UV para túneis e estufas com um aditivo antiestático, com o objetivo de reduzir a tensão estática e evitar a atração da poeira (repele o pó).

1.2.5-Trifilme Antifungos

As plantas são verdadeiras máquinas que funcionam pela ação da luz solar. A luz é a energia da fotossíntese, pois as plantas absorvem a energia solar e a transformam em substâncias que, direta ou indiretamente, sustentam a maioria das outras formas de vida terrestre. A luz não é somente a energia das plantas, pois o futuro de uma semente germinada não depende apenas da luz, mas também da qualidade da luz recebida.
A qualidade desta define o crescimento da planta, o volume de folhas, a floração, a frutificação e o envelhecimento. Isso nos mostra que a luz determina todos os momentos da vida vegetal, também devendo atuar sobre o processo de morfogênese (gens) das plantas.
Se as reações bioquímicas da fotossíntese são conhecidas, o mecanismo bioquímico da fotomorfogênese também, principalmente os gens ativos pela ação da luz que são identificados como elementos fotorreativos.
O controle desses elementos fotorreativos permitiu o desenvolvimento de filmes agrícolas, para cobertura de estufas, explorando todos esses conhecimentos. Esses filmes agrícolas chamados de fotosseletivos de ação absorvente e fotossensíveis são compostos por filtros que modificam a composição do espectro solar, assim que a luz é transmitida para o interior da estufa.
Esses filmes agrícolas de ação fotosseletiva, incorporados de filtros absorvedores e refletores são destinados a controlar a ação de fungos causadores de doenças no interior das estufas. Isto ocorre em razão da qualidade de luz, que exerce modificações sobre a sensibilidade das plantas portadoras de doenças, principalmente às ocasionadas por fungos aéreos, como Botrytis cinerea, Sclerotinia, Alternaria, Stemphylium e outros.

1.2.6- Trifilme Difusor de Luz

Assim como os filmes leitosos tem a propriedade de difundir a luz solar, numa proporção maior que os filmes normais de polietileno, existe também o Trifilme Difusor de Luz para cada tipo de cultivo, pois a necessidade de se difundir a luz no interior dos cultivos protegidos, depende de cada cultura e quando se deseja controlar o excesso de irradiação direta.
O Trifilme Difusor de Luz é composto por um aditivo orgânico de alta ação na difusão de luz dentro das estufas, podendo aumentar a irradiação solar difusa de 30 a 65%.

1.2.7- Trifilme Leitoso

A luz solar atua diretamente no desenvolvimento das plantas através do processo de fotossíntese. Existem comprimentos de ondas que são impressindíveis para a formação da clorofila. Conhecendo tais fenômenos, sabemos que podemos controlá-los através dos filmes de polietileno, regulando a luminosidade incidente sobre as plantas.
O controle da radiação solar sobre as plantas é muito importante, pois assim é possível mantêr sob controle o ambiente no interior das estufas, quando controlamos a quantidade de luz e a temperatura do ambiente protegido.
Entre os aditivos controladores da radiação, encontram-se os utilizados para a produção de filmes leitosos. Os filmes leitosos auxiliam na redução da intensidade da luz no interior das estufas ou túneis, permitindo um melhor controle da temperatura e reduzindo o estresse das plantas, quando a temperatura ambiente se projeta nas estações quentes. O Trifilme Leitoso é utilizado em cultivo de flores e morangos. Culturas estas bastante sensíveis e que merecem cuidado quanto à insolação.

1.2.8-Triplast Super-UV para Escurecimento de Estufas

No interior das estufas, para a produção de determinados tipos de flores o uso de filmes negros (opacos à luz) é possível. Estes filmes são utilizados para o controle da luz, pois o excesso de luz solar, em determinados momentos, interfere no ciclo de produção.Está a disposição dos produtores de flores em estufas, o filme Triplast Super-UV. Um dos mais modernos produtos para o escurecimento de ambientes protegidos. Principalmente no cultivo de crisântemos, begônias, kalanchoe e outras flores. A Triplast possui uma face branca e outra preta. A branca é voltada para cima (exposta ao sol) e a preta é voltada para baixo, não deixando passar a luz solar e minimizando as dificuldades com a temperatura.
O produtor de cogumelos, principalmente de Champignons (em virtude da necessidade do cultivo se desenvolver em ambientes sem luz solar), podem se beneficiar com o uso da Triplast Super-UV. No caso do cultivo de outros cogumelos, como o cogumelo do sol (Agarius Blazei), não há necessidade do cultivo em ambientes escurecidos.
Existem estufas climatizadas, para regiões de clima frio e estufas não climatizadas, de construção simples e barata. O controle do ambiente, é feito através das aberturas e das cortinas, dependendo do modelo da estufa. Para cada tipo de cultivo, cultura, região do país e clima necessita de diferentes tipos de filme plástico.

1.3 - Mulching

A técnica do "mulching" (uso de coberturas em canteiros, principalmente polietileno) também vendo sendo utilizada em algumas espécies a vários anos. As vantagens conhecidas desta tecnologia são: a melhor retenção de umidade no solo, minimizando assim a utilização de irrigação e consequentemente diminuindo custos; o maior controle de plantas daninhas; o maior controle de doenças (através da solarização); a redução da lixiviação de fertilizantes; a maior precocidade, devido a maior temperatura do solo; a diminuição da compactação do solo; a obtenção de maiores produtividades e de produtos de melhor qualidade.
O mulching é uma técnica aplicada há muitos anos pelos agricultores com a finalidade de proteger as culturas e o solo da ação das intempéries ( sol, ventos, chuvas, etc.),que compactam o solo, comprometem a qualidade dos frutos e provocam a lixiviação (lavagem dos nutrientes necessários para o desenvolvimento das plantas).
As lavouras e os campos cobertos por pastagens nativas ou cultivadas constituem-se de uma cobertura viva do solo. Porém com a intensa mecanização agrícola, os solos começaram a perder esta cobertura viva, ficando expostos à ação do tempo. Isso contribui para o empobrecimento e perdas dos solos, comprometendo a produção primária, em toda a sua cadeia.
Para diminuir estes efeitos, os agricultores depositavam sobre a superfície do terreno uma cobertura morta, constituída por materiais de origem vegetal, como palhas, casca de arroz, folhas secas, serragem e outros. Essa capa atuava como barreira de proteção entre o solo e o ambiente (atmosfera), a qual contribuía para a redução dos efeitos citados anteriormente.
A cobertura com esses materias oferece também outras vantagens. Impede a passagem de luz solar, não permitindo a realização da fotossíntese e não proporcionando condições ao crescimento das ervas daninhas. Absorve o calor do sol e o distribui durante a noite, constituindo-se um meio de defesa da planta contra as baixas temperaturas noturnas, aumentando os rendimentos e proporcionando precocidade na colheita. Com o surgimento do Polietileno, e o uso do plástico Preto na cobertura de solos com excelentes resultados, todos os materiais anteriores foram dispensados.

mulching, utilizando lona preta( cultivo morango)


Os filmes co-extrudados são aqueles em que equipamentos especiais (co-extrusoras) permitem produzir filmes com diferentes camadas, verdadeiros sanduíches, em camadas sobrepostas. As características dos filmes co-extrudados determinam sua aplicabilidade, pois o Mulching Dupla Face, onde estão notórias as faces branca e preta e ainda preto e prata, nos permite utilizá-los na cobertura morta do solo, onde a face clara sempre estará exposta para o sol e o lado preto com a sua face para o solo. Enquanto a face clara atua de forma a refletir a luz solar, a face negra, totalmente opaca a irradiação solar, não deixa passar a luz, evitando assim, o desenvolvimento de plantas indesejáveis pela ausência de fotossíntese.
A função da face clara, é de não aquecer a superfície do plástico, evitando a queimadura de folhas (alface, radite, rúcula, etc.) e frutos (morango, etc.), permitindo a obtenção de produtos mais limpos e sadios. A espessura destes filmes de uso agrícola está na faixa de 0,03 mm.

1.3.1-Vantagens no uso dos Dupla Face

Os filmes plásticos proporcionam maiores vantagens sobre os materiais usados anteriormente na cobertura de solos, como:

a) retenção da umidade do solo, economizando água.
b) manutenção da temperatura do solo.
c) conservação da estrutura física, química e biológica do solo.
d) impedimento da lixiviação (lavagem de adubos químicos e orgânicos e de corretivos).
e) dispensa da capina ou a aplicação de herbicidas.
f) proteção das folhas e frutos, aumentando a qualidade do produto.
g) redução de custos com mão-de-obra e insumos.
h) aumento da produção e precocidade na colheita.
i) não estressa as mudas.
j) evita a queima de folhas e frutos.
l) maior uniformidade e melhor desenvolvimento das plantas.
m) redução no uso de defensivos.

Outra vantagem dos Mulchings Branco e Preto e o Preto e Prata é o poder de reflexão da luz, agora de baixo para cima e em todas as direções, aumentando a luz difusa no ambiente protegido e agindo diretamente no processo de fotossíntese, tornando as plantas mais saudáveis e produtivas.
Tem-se observado no cultivo de morangos utilizando Mulching Dupla Face, a baixa evidência de ácaros, pela grande difusão de luz. O inseto não encontra boas condições de manutenção na planta hospedeira.

1.4 - Solarização

A solarização é uma técnica muito efetiva, que tem efeito similar à esterilização do solo por vapor. Suas vantagens são o baixo custo, simplicidade e o fato de não ser perigosa. O método não se usa substancias químicas, é de fácil aplicação e não deixa resíduos tóxicos nas plantas. A solarização é um processo hidrotérmico que esteriliza o solo por meio de calor gerado naturalmente, matando as plantas daninhas.
Esse método envolve a colocação de um plástico transparente sobre um solo preparando para o cultivo e úmido para que permita que a energia solar aqueça o solo e mate as sementes de plantas daninhas. Para ser mais efetiva a solarização deve ser realizada durante os períodos de máxima exposição à radiação solar do ano(verão). O período de solarização varia de 30 a 40 dias, vai depender da quantidade de sol e temperatura media no tempo de exposição.. A solarização pode ser utilizada para o controle de vários fitopatógenos, agentes causais de importantes doenças.
A solarização é muito utilizada em Israel, no Japão, na Espanha, na Itália e na Grécia por vários agricultores. No Brasil, no entanto, a técnica é pouco conhecida. Muitos agricultores não a adotam, devido as seguintes situações:

a) tempo necessário para o tratamento - imobilização da área por, pelo menos, 30 dias; tempo esse necessário para que haja efetividade da técnica para controlar os fitopatógenos, pragas e plantas infestantes;
b) relação custo/benefício para algumas culturas e
c) controle inconsistente para alguns fitopatógenos, especialmente para os termotolerantes.

A eficiência da solarização pode ser aumentada pela sua associação a outras técnicas, tais como a incorporação de matéria orgânica ao solo, antes do início do tratamento. Entre as vantagens desta associação, encontra-se o fato de que o calor proporcionado pela solarização pode acelerar o processo de decomposição dos resíduos orgânicos no solo, podendo a decomposição aumentar ainda mais a temperatura do solo. Ocorre uma rápida geração de atmosfera anaeróbica, ou seja, baixo teor de oxigênio e alto de gás carbônico no solo. Os gases gerados durante a decomposição ficam retidos sob o plástico, sendo tóxicos aos propágulos de muitos fitopatógenos (já enfraquecidos pelo calor), aumentando ainda mais a eficiência do processo. Como conseqüência, muitas vezes, o período de tratamento pode ser reduzido, obtendo-se o controle de vários fitopatógenos com períodos de tratamento de apenas sete a 15 dias. Para que os gases gerados durante a decomposição do material orgânico fiquem retidos sob o plástico, é importante que o filme plástico seja um pouco mais espesso (100-150µm (micras)) que o plástico convencionalmente empregado para a solarização (50-75µm)
A solarização associada com prévia incorporação de brássicas pode ser mais bem aceita pelos agricultores, devido ao menor tempo de imobilização da área para tratamento e controle, também, de fungos termotolerantes.
Além da couve e do brócolos, novos materiais orgânicos podem ser associados com a solarização no controle de fungos fitopatogênicos habitantes do solo termotolerantes. Dentre esses novos materiais podemos citar o eucalipto grandis , a mamona e a mandioca brava.
A crescente demanda para diminuir impactos negativos da agricultura ao meio ambiente, a retirada do brometo de metila do mercado, fumigante eficiente sobre muitos fitopatógenos de solo, e a ineficiência de alguns fungicidas sobre fitopatógenos de solo, obriga a pesquisa científica a caminhar na busca por métodos alternativos de controle de doenças em plantas. Esses métodos alternativos, além de resolverem o problema das doenças nas plantas, ajudam na questão da sustentabilidade ambiental. A técnica da solarização do solo e agora com possibilidade de associá-la com prévia incorporação de resíduos de brássicas, em função de suas vantagens e possíveis aplicabilidades, é uma possibilidade potencial e ambientalmente segura para resolver graves problemas de solos infestados, principalmente por fungos fitopatogênicos termotolerantes ou inconsistentemente controlados pela solarização normal. (Fonte: Ambrósio, M.M.Q. (2006))

1.5- Telas de Sombreamento

Tem como função principal a diminuição dos raios solares e proteção de granizo e impacto da gota da chuva, pragas, pássaros e o vento. A classificação do Sombrite é dada em porcentagem e se refere à quantidade de proteção da luz. Ou seja, um Sombrite de 60% só deixa passar 40% dos raios solares.
As Telas para Agricultura foram desenvolvidas para oferecer o maior controle em diversas culturas agrícolas, onde seu uso correto garante maior produtividade, homogeneidade, crescimento e melhor sanidade das plantas. Leves e resistentes, sua trama foi desenvolvida de modo que não permita seu desfiamento, oferecendo maior durabilidade, como também uma rápida instalação. Apresentadas em rolos/bobinas, são produzidas em teares de Alta Tecnologia, podendo ser tecidas tanto com fios monofilamento (redondo) ou Raschel (fita). Sua principal matéria-prima é o polietileno de alta densidade, o qual possui aditivos especiais contra degradação aos raios Ultra Violetas "UV"; a sua pigmentação é feita na alma do polímero, o que as torna atóxicas, permitindo manter a qualidade de suas cores por mais tempo.
Disponíveis nas cores:
- preta (adequadas a diversos tipos de culturas) se apresentando nos tipos standard e leve (indicada para estufas), branca (para legumes), laranja (para flores) e azul (para folhas).
- Telas Aluminizadas (flores e citros) - tela diferenciada por incluir um processo de metalização em sua fabricação (alumínio), com alta capacidade de reflexão (redução do efeito sombra) e estabilização das temperaturas, tanto noturnas como diurnas (redução do efeito geadas).
A seguir serão apresentadas os diversos tipos de tela de sombreamento encontrados no mercado com as suas devidas características e utilizações.

1.5.1-Telas para proteção e sombreamento (18%)
Utilizado para proteção e sombreamento nas culturas de uva, caqui, maçã ,canteiro de hortaliças, roseiras, anti-granizo, proteção contra pássaros.


1.5.2-Telas para proteção e sombreamento (30%)

Utlizado em estufas de hidroponia, hortaliças, quebra vento para viveiros, cobertura para plantas, sombreamento complementar.


1.5.3-Telas para proteção e sombreamento (50%)

Muito utilizado em viveiros de mudas de café, hidroponia, secagem de algas ,plantas, flores, mudas.

1.5.4-Telas para proteção e sombreamento (60%)

Esta tela é mais utilizada em viveiros para mudas em geral, proteção lateral, quebra vento, para pinus, eucaliptus, cacau.

1.5.5-Telas para proteção e sombreamento (70%)

Esta tela utilizada em viveiros para mudas em geral e sombreamento complementar.


1.5.6-Telas para proteção e sombreamento (80%)

Utilizado na produção de flores como anturiuns, samambaias, cultivo de cogumelos, contra luz do sol em fachadas e cobertura de pavilhões .


1.5.7-Telas para proteção e sombreamento (baby citrus e citrus)

Utilizada na produção de mudas de citrus para maior valorização da fruta, evita pragas e doenças, produção certificada, aclimatação adequada., sombra na medida certa, melhor difusão dos raios solares.



1.5.9-Telas para proteção e sombreamento para: clarite

Mais utlizada como proteção de lateral de estufa,cobertura de flores, insetos, pássaros, predadores, proteção contra vento.


Atualmente existe uma vasta variedade de telas disponíveis no mercado a qual podemos usufruir, basta termos o conhecimento necessário para aplica-las, as diversas atividades e culturas desenvolvidas no país.

2. Sistemas de Irrigação

A forma de irrigação também vem sofrendo mudanças dentro do sistema de produção de hortaliças. A escassez de água nas regiões produtoras, o alto custo da irrigação, a qualidade da água, e os problemas fitosanitários afetando consideravelmente a produtividade e a qualidade dos produtos obtidos, tem alterado a forma de irrigação para muitos olericultores; soma-se a isto, o incremento da plasticultura, como "mulching", túneis e estufas. Assim, a irrigação pôr gotejamento, bem como a fertirrigação são atualmente sinônimos de alta tecnologia aliada a altas produtividades. O uso racional da água e fertilizantes se complementa na obtenção de altas produtividades, com reduzido desperdício.
Há diversos tipos de irrigação, sendo que não há sistema ideal, porque todos possuem vantagens e desvantagens. O sucesso da irrigação está na escolha, dimensionamento, operação e manutenção correta do sistema. Para se definir o tipo de irrigação adequada temos que avaliar várias questões: solo, clima, temperatura, sistema de cultivo, tamanho do empreendimento e da área cultivada, cultura estabelecida, disponibilidade de água e de capital par investimento. Avaliando todos esses quesitos podemos adequar a produção a algum sistema de irrigação. Teoricamente todos os tipos podem ser utilizados na irrigação de hortaliças, temos é que avaliar os pontos positivos e negativos de cada sistema.
Os tipos de sistema de irrigação serão apresentados a seguir:

2.1-Superficiais

Dentre os tipos de irrigação superficiais, pode mos destacar: irrigação por sulcos; sulcos em contorno; corrugação; faixas e inundação.
A irrigação por sulco ainda é muito usada por pequenos produtores. Realmente vantajosa para produtores que dispõe de pouco capital de investimento e propriedade com boa disponibilidade de água, especialmente localizada nas partes elevadas do terreno, podendo ser dispensada o uso de motobombas.
Para implantação deste sistema temos que ter uma planta planilmetrica da área a ser irrigada. Primeiramente procura-se o local de instalação do canal mestre, dos canais de distribuidores e os sulcos de irrigação. Na fase seguinte, da locação sobre o terreno, podem ser utilizados níveis de luneta, ou mesmo dos dispositivos rústicos como nível de barbante.
Faz-se a captação de água de modo a encaminhá-la até o canal mestre, sempre localizado na parte mais elevada do terreno. É um canal de terra com declividade em torno de 0,2%. Este por sua vez abastece aos distribuidores, no sentido do maior declive, sendo revestido o solo com lona plástica para controle de erosão. A partir dos distribuidores a água então é encaminhada até os sulcos, localizados próximos as fileiras das plantas ou entre elas.
Caso os canais sejam em locais definitivos podem ser construídos em alvenaria ou revestidos em toda sua extensão por lona plástica, evitando assim manuntenção e perda de água. O uso de canais em alvenaria possibilita o uso de comportas e no caso de solos arenosos diminui ainda mais a perda de água por infltração.
A sistematização do terreno antes da implantação é uma pratica imprensindivel para a melhor distribuição de água quando há irregularidades topográficas. Pequenos olericultores utilizam algum tipo de equipamento tracionado por animais para essa pratica. Já os grandes produtores - o que ocorre na Califórnia, por exemplo - utilizam máquinas niveladoras para sistematização do terreno. Sempre lembrando caso terreno apresente declividade excessiva ou falta de declive este método de irrigação se torna inviável.

Pontos positivos

- evita a perda, por lavagem, de defensivos aplicados principalmente na cultura do tomate e outras solanáceas-fruto;
- em pequenas áreas, baixo custo de implantação;

Pontos negativos

- elevada utilização de mão de obra para construção, manutenção, sistematização do terreno e dos canais,e no controle d água;
-desperdício de água (ainda maior em solos arenosos);
-erosão acelerada;
-necessita de grande quantidade de água;

A distribuição da água se dá por gravidade através da superfície do solo. Tem menor custo fixo e operacional, e consome menos energia que os métodos por aspersão. É o método ideal para cultivos em fileiras. Deve ser feito em áreas planas. Exige investimento a mão-de-obra. Possui baixa eficiência, em torno de 30 a 40% no máximo. Atualmente, devido a escassez de água no mundo e problemas ambientais, inclusive para a irrigação, esse método tem recebido várias críticas devido a baixa eficiência conseguida.
Também está sendo usado como alternativa para abastecer os sulcos de irrigação a partir dos canais de distribuição os “sifões”, que podem ser de plástico flexível, rígido e ate bambu. Sendo estes últimos localizados dentro do talude. O uso de sifões juntamente como revestimento com lona plástica permite controlar a quantidade de água fornecida (pela colocação de tubos próximos a zona úmida), alem de controlar a erosão.

canal de irrigação com sitema de sifão par abastecer os sulcos de irrigação

2.2- Aspersão

No sistema de irrigação por aspersão se enquadram os seguintes sistemas: concencional; auto propelido; ramal rolante; pivô central; e deslocamento lateral.
Númerosos olericultores utilizam a irrigação por aspersão - uma imitação tecnológica da chuva. Este sistema se diferencia do anterior, pois não necessita a confecção de canais e sulcos que reduzem a área cultivada e atrapalham a mecanização.
O método de aspersão é composto, normalmente, por um conjunto motobomba, tubulações, aspersores e acessórios. O sistema de aspersão convencional é considerado o sistema básico de irrigação por aspersão, do qual derivaram todos os demais. São classificados em portáteis, semiportáteis e fixos, dependendo do grau de movimentação em campo. Os manômetros (medidores de pressão) são indispensáveis para o bom funcionamento do sistema. São empregados para irrigação de pequenas áreas.
Um sistema de aspersão convencional recentemente empregado no Brasil é o sistema de aspersão em malha. Esse sistema é fixo, com tubulações enterradas. Um único aspersor se movimenta na linha lateral, de diâmetro reduzido, exigindo assim conjunto motobomba de baixa potência. O sistema autopropelido é movimentado por energia hidráulica possui um aspersor do tipo canhão, montado em uma plataforma, e uma mangueira de alta pressão de até 500 metros. É empregado em áreas irrigadas de tamanho médio.
O sistema pivô central é um sistema de movimentação circular, movido a energia elétrica. Possui uma linha lateral de aspersores suspensa por torres dotadas de rodas. As torres se movimentam independentemente por possuírem motores individuais. Em geral, os pivôs são instalados para irrigar áreas de 50 a 130 ha, sendo o custo por área mais baixo à medida que o equipamento aumenta de tamanho. Para aperfeiçoar o uso do equipamento, é conveniente além da aplicação de água, aproveitar a estrutura hidráulica para a aplicação de fertilizantes, inseticidas e fungicidas.
A aspersão é um método que possibilita o bom controle da lâmina água aplicada. De modo geral, a eficiência do método é ao redor de 70%, podendo alcançar 90% em alguns sistemas ou até 50% em condições severas de clima. O vento, a umidade relativa do ar e a temperatura são os principais fatores climáticos que afetam o uso da irrigação por aspersão. O vento afeta a uniformidade de distribuição dos aspersores e, juntamente com a temperatura e a umidade relativa do ar, afetam a perda de água por evaporação.
O método apresenta as seguintes vantagens:

a) por não exigir a sistematização do solo, é o método que mais se adequou a terrenos com declividades mais acentuadas e superfícies menos uniformes;
b) pode ser utilizado em solos arenosos, de alta capacidade de infiltração e baixa capacidade de retenção de água, por permitir irrigações freqüentes e com menor quantidade de água;
c) a distribuição de água é em geral mais uniforme;
d) interfere pouco com as práticas agrícolas. Em alguns sistemas, os acessórios facilitam a rápida desmontagem do equipamento;
e) a eficiência de condução é alta, pois os condutos fechados evitam perdas de água por infiltração, escorrimento e evaporação;
f) a ausência de canais e sulcos deixa maior área disponível para a cultura;
g) permite maior economia de mão-de-obra, quando os sistemas são permanentes ou mecanizados;
h) possibilita a irrigação durante o período noturno, aumentando o tempo de irrigação e de utilização do equipamento;
i) permite a aplicação de produtos químicos, via água de irrigação;
j) por proporcionar grande oxigenação na água, pode permitir o uso de certas águas residuais; e
k) pode ser aplicado para reduzir a temperatura do ar e na proteção contra geadas. A proteção se consegue com o calor liberado pelo congelamento da água.

Como desvantagens da aspersão, citam-se:

a) não é recomendada para locais de ventos fortes e constantes, pois o vento afeta a uniformidade de distribuição de água pelos aspersores. Em regiões de baixa umidade relativa do ar e de temperaturas elevadas, a perda de água por evaporação pode atingir valores altos;
b) pode favorecer a incidência de doenças nas plantas, por molhar as folhas e aumentar a umidade relativa do ar. Quando o macroclima é favorável a doenças, o microclima resultante da irrigação tem menor importância;
c) por lavar a parte aérea das plantas, pode interferir com alguns tratos culturais;
d) o impacto mecânico das gotas, quando os sistemas estão trabalhando abaixo da pressão de serviço recomendada, pode causar prejuízos à fixação de botões florais ou mesmo de frutos novos;
e) ainda que seja um bom método no controle da salinidade, não deve ser usada água salina para irrigação, por reduzir a vida útil do equipamento;
f) envolve alto investimento inicial;
g) o traslado de tubulações portátil e acessório dos sistemas convencionais é uma operação desagradável e trabalhosa; e
h) altas taxas de aplicação de água podem provocar compactação e erosão do solo.

Os aspersores constituem-se nas peças principais de um sistema de aspersão. Têm a finalidade de pulverizar o jato de água, proporcionando a aplicação da irrigação na forma de chuva. Os aspersores podem ser estacionários ou rotativos. Quando rotativos, podem se apresentar com giro completo (360º) ou do tipo setorial, permitindo uma regulagem da amplitude de giro. O ângulo mais comum de inclinação do jato com a horizontal é o de 30º; contudo, o ângulo de 20-22º é o que melhor se adapta a condições de vento forte. A variedade de aspersores no mercado é enorme. Devemos buscar aqueles adaptados ao tamanho do empreendimento e as diversas culturas olerícolas. Ainda em pequenas áreas ou na produção de mudas tem se usado a micro aspersão. Este sistema pode ser construído a partir mangueiras de baixa pressão ou com uso de pequenas bombas elétricas conectados aos microaspersores. É de fácil montagem, baixo custo e não exige muita especificação técnica. A microaspersão possui uma eficiência maior que a aspersão convencional (90%), sendo muito utilizada para a irrigação de culturas perenes. Também é considerada irrigação localizada, porém, a vazão dos emissores (chamados microaspersores) é maior que a dos gotejadorres.

2.3- Gotejamento

Na irrigação por gotejamento existem dois tipos: superficial; e subsuperficial; O gotejamento vem se tornando, com a redução do custo do sistema nos últimos anos, uma opção viável para a irrigação das hortaliças. A viabilidade econômica, todavia, está condicionada a um manejo racional da água de irrigação e da fertirrigação. Enquanto os métodos de irrigação por superfície baseiam-se na irrigação de toda a superfície do campo e a irrigação por aspersão deixa as plantas úmidas e ocasiona escoamento, a irrigação por gotejamento é mais bem controlada. A água é vagarosamente fornecida a uma área específica, próxima às raízes da planta, em alta frequência e baixa intensidade por uma rede de gotejadores .Possui uma eficiência na ordem de 90%. Apesar do nome, esses pequenos orifícios não ficam gotejando, pendurados acima das plantas, eles são distribuídos ao longo do solo. Ligados a uma fonte apropriada de água por uma mangueira alimentadora principal, eles fornecem uma vazão lenta e permanente de água. Uma alternativa para a irrigação por gotejamento é a cinta de gotejamento, que nada mais é do que uma extensão de mangueira com gotejadores embutidos. Tem, no entanto um elevado custo de implantação. É utilizado majoritariamente em culturas perenes e em fruticultura, embora também seja usada por produtores de hortaliças e flores, em especial pela reduzida necessidade de água, comparado aos demais sistemas de irrigação. Pode ser instalado à superfície ou enterrado, embora esta decisão deva ser tomada analisando-se criteriosamente a cultura a ser irrigada.

As principais vantagens do gotejamento, comparativamente à aspersão, são:

a.Maior produtividade: 20-40% de incremento de produtividade.
b.Menor gasto de água: por não molhar toda a superfície do solo e apresentar maior eficiência de irrigação, utiliza até 30% a menos de água.
c.Menor incidência de doenças foliares: por não molhar a folhagem e os frutos, favorece menor incidência de doenças da parte aérea, reduzindo perdas na produção e na qualidade de frutos
d.Maior flexibilidade no uso da fertirrigação: os fertilizantes são aplicados via água, junto às raízes das plantas, em regime de alta freqüência conforme as necessidades das plantas.
A vantagem de se utilizar a irrigação por gotejamento é, basicamente, o controle. Esse método de irrigação é preciso e econômico. Um gotejador, é classificado em litros por hora. A vazão de água é tão vagarosa que é facilmente absorvida pelo solo. Em um sistema bem ajustado, há pouca probabilidade de excesso de escoamento de água e desperdício.

2.4- Fertirrigação

Fertirrigação é o processo de aplicação de fertilizantes às plantas via água de irrigação. Com a expansão do uso dos sistemas de microirrigação (gotejamento e microaspersão), tanto em condições de campo quanto em cultivo protegido, tornou-se imperativo utilizá-los também para a aplicação de fertilizantes, pois eles têm características estruturais e operacionais extremamente favoráveis a esta prática. As principais vantagens da fertirrigação são: maior eficiência no uso de fertilizantes, aplicação da dosagem correta na profundidade e ocasião adequadas, maior facilidade no processo de aplicação, possibilidade de automação e uso em praticamente qualquer tipo de solo ou substrato. Existem, entretanto, riscos de salinização do solo, entupimentos de emissores e de contaminação ambiental associados à fertirrigação.
A Fertirrigação foi utilizada no Brasil pela primeira vez em 1976 em um experimento de tomate realizado na Embrapa Hortaliças.De lá para cá, tem sido aperfeiçoada e cada vez mais utilizada pelos produtores brasileiros, nas mais variadas culturas. Somente fertilizantes solúveis em água podem ser usados na Fertirrigação.


2.4.1- Tipos e fontes de nutrientes

Tanto macro como micronutrientes podem ser aplicados via fertirrigação. Os macronutrientes mais usados são: nitrogênio, potássio e fósforo, nesta ordem. O potássio e, principalmente, o nitrogênio são largamente utilizados por serem elementos essenciais de alta mobilidade no solo e, conseqüentemente, mais sujeitos à perdas por lixiviação. O parcelamento de sais de nitrogênio e potássio é muito apropriado para a utilização em fertirrigação devido à alta solubilidade destes produtos.. Os micronutrientes como zinco, boro, molibdênio, manganês, ferro e cobre também podem ser aplicados via fertirrigação, entretanto deve-se observar a compatibilidade, a solubilidade e outras características dos solos e dos fertilizantes que contêm estes elementos.
Em geral, soluções mais concentradas são mais indicadas porque reduzem o tempo para a injeção dos fertilizantes no sistema. Nessas situações, fatores como a temperatura de armazenamento das misturas deve também ser observada, pois podem alterar a estabilidade das soluções.

2.4.2- Métodos e equipamentos de aplicação

Basicamente existem três métodos para aplicação de fertilizantes, os quais empregam diferentes princípios e equipamentos:
• O tanque de injeção é um cilindro hermeticamente fechado onde o fertilizante, previamente solubilizado, é colocado. Por esse cilindro passa parte da água, no mínimo quatro vezes o volume do tanque, que se destina às plantas, por diferença de pressão, transportando o produto até os emissores;

• A bomba injetora/dosadora é um equipamento que retira o produto a ser aplicado de um reservatório e o injeta diretamente no sistema de irrigação. As bombas de pistão e o diafragma são os tipos mais utilizados. A bomba de pistão é mais indicada para trabalhar em sistemas de alta pressão ou sujeitos as variações de pressão como o pivô central.

• O venturi é um injetor que se baseia no princípio hidráulico de Venturi e que consiste de um estrangulamento de uma tubulação, causando uma sucção devido à mudança na velocidade de fluxo.

Cada um dos métodos apresenta vantagens e desvantagens comparativas. O tanque é relativamente barato, mas tem a desvantagem de aplicar o produto de forma não-uniforme, em relação ao tempo de aplicação. É recomendável para aplicações mais demoradas ou pouco freqüentes. As bombas injetoras usadas atualmente vêm acopladas a motores elétricos, mas as dosadoras modernas trabalham com a pressão da própria água de irrigação. Todas são geralmente bastante precisas, porém de custo relativamente elevado. O injetor venturi tem construção simples, é de boa precisão e de baixo custo. A perda de carga causada no sistema deve ser prevista no dimensionamento para não comprometer a eficiência da aplicação. Existem no mercado vários tipos e tamanhos de venturi, para qualquer tipo de aplicação. Para sistemas maiores é recomendado o uso de uma pequena bomba centrífuga, como "booster", para contrabalançar perdas de carga acarretadas pelo venturi.

2.4.3-Manejo da fertirrigação

As quantidades aplicadas de cada nutriente devem ser sempre determinadas com base na análise do solo e no requerimento de cada cultura. Aplicações deficitárias prejudicam o desempenho da cultura, enquanto aplicações excessivas favorecem os desperdícios, a salinização do solo, a contaminação do meio ambiente e podem interferir na absorção de outros nutrientes.
O manejo da fertirrigação quanto à aplicação dos fertilizantes via água, de forma geral, pode ser dividido em três etapas: a primeira refere-se à aplicação da água; a segunda à aplicação de fertilizantes mais água; e a terceira à aplicação de água novamente para lavar o sistema e colocar os nutrientes na zona radicular das plantas. O início deste processo, entretanto, deve ser considerado somente após a completa pressurização do sistema.

3. Hidroponia

A irrigação é imprescindível e geralmente realizada por aspersão. Doenças associadas ao solo, causadas por fungo ou bactéria, tem constituído a principal causa de perdas para a cultura.
A hidroponia horizontal — cultivo em estufa sem solo no sistema de bandejas horizontais — já é uma técnica conhecida e utilizada no Brasil para diversas espécies, inclusive para o morangueiro. Nesse sistema, internacionalmente conhecido pela sigla NFT (técnica de fluxo laminar de nutrientes, em inglês), as plantas são mantidas em canaletas de chapas onduladas de cimento amianto (telhas) ou tubos de plástico, pelos quais circula solução nutritiva com formulação adequada para a espécie cultivada.
O sistema de hidroponia tem também aumentado significativamente nos últimos anos. Embora a alface seja a principal cultura, outras folhosas como agrião, salsa, coentro, rúcula , etc, também vem sendo produzidas neste sistema. Como vantagens deste sistema, podemos destacar um menor consumo de água e fertilizantes, uma ausência de lixiviação de fertilizantes, uma menor incidência de pragas e doenças, uma maior densidade de plantas, e maiores produtividades. A hidroponia, geralmente, permite a obtenção de produtos de melhor qualidade em relação aos produtos obtidos pelo sistema convencional. Neste sistema, maiores preços tem sido obtidos pôr aqueles produtores especializados. Juntamente com o cultivo orgânico, a hidroponia vem buscar um nicho de mercado altamente exigente em produtos mais saudáveis, uma vez que existe uma redução ou mesmo uma não utilização de agrotóxicos.
Os sistemas hidropônicos podem ser divididos em dois grupos básicos, que são os ativos e os passivos. Nos sistemas passivos, a solução hidropônica permanece estática, e é conduzida às raízes através de um meio de cultura com alta capilaridade, geralmente ligado a um pavio. Nos sistemas ativos, é necessária a utilização de uma bomba para a circulação da solução de nutrientes, e grande parte deles necessita de um sistema paralelo em conjunto para a aeração ou oxigenação da solução.
Existem centenas de sistemas hidropônicos, mas todos eles são derivados ou a junção de seis sistemas básicos, que são: Sistema de Pavio, Sistema de Leito Flutuante, Sistema de Sub-Irrigação, Sistema NFT, Sistema de Gotejamento, e Sistema Aeropônico.

3.1- Sistema de Pavio:

É um sistema passivo, considerado o mais simples de todos os sistemas. A solução nutritiva é retirada de um depósito e conduzida para o meio de cultura e raízes das plantas por capilaridade, através de um ou mais pavios. Normalmente é usada uma mistura de vários meios de cultura, de modo a incrementar ao máximo a capacidade capilar do meio de cultura. É utilizado para plantas de pequeno e médio porte, como hortas caseiras, pois pode ser feito em tamanhos reduzidos.


3.2- Sistema de Leito Flutuante:

Este sistema pode ser ativo ou passivo. Quando a oxigenação das raízes é feita através de borbulhamento de ar, o sistema é considerado passivo. Quando a oxigenação é feita por circulação da solução de nutrientes, usando-se ou não algum tipo de injetor de ar, o sistema é ativo. O Leito Flutuante é considerado o sistema mais simples entre os ativos. As plantas são ancoradas em uma plataforma que flutua diretamente na superfície da solução de nutrientes contida em um depósito. As raízes ficam total ou parcialmente imersas na solução. A oxigenação da solução é necessária. Este sistema é usado geralmente em plantas de pequeno porte que necessitam de muita água.


3.3- Sistema de Sub-Irrigação

É um sistema ativo. Nele, enche-se uma bancada ou bandeja com solução nutritiva e depois a esvazia rapidamente. O processo é feito por uma bomba, controlada por um temporizador. A quantidade de vezes que este processo é feito por dia depende do tipo de planta, da temperatura, umidade e tipo de cultura utilizado. O meio de cultura não pode ser biologicamente decomponível. Este processo já caiu praticamente em desuso.



3.4- Sistema NFT (Nutrient Film Technique)

É um sistema ativo, e também o mais conhecido atualmente. Nele, há um fluxo constante de solução nutritiva, não sendo necessário temporizador. A solução nutritiva é bombeada de um depósito para um canal de cultura, na forma de um filme ou tubo de secção retangular, dependendo do porte da planta. Parte da raiz da planta fica submersa na solução e outra parte fica em contato com o ar úmido, de onde retira o oxigênio. Após percorrer o canal a solução volta ao depósito. Normalmente não existe meio de cultura, e as plantas ficam apoiadas em vasos ou redes de germinação. A falta de energia elétrica ou uma falha na bomba podem provocar a interrupção do filme, o que acarretaria na morte da planta. Então, neste caso é bom se pensar em uma forma de energia alternativa. O sistema é utilizado para plantas de pequeno e médio porte.
3.5- Sistema de Gotejamento

É um sistema ativo, e provavelmente o mais utilizado no mundo. A solução nutritiva é retirada do depósito por uma bomba controlada por um temporizador e levada através de tubos até o colo da planta, onde é descarregada na forma de gotas, por meio de pequenos dispositivos chamados gotejadores. Há dois tipos de sistema de gotejamento: Solução Perdida e Recuperação de Solução.
- Solução Perdida: os excessos da solução nutritiva são descartados no subsolo, geralmente por infiltração, através de um sumidouro. As plantas são irrigadas sempre com uma solução nutritiva nova, não havendo necessidade de controle constante de pH e condutividade. O descarte da solução para o solo pode a médio ou longo prazo, causar problemas de poluição ambiental.
- Recuperação de Solução: os excessos de solução são reconduzidos ao depósito e reciclados para o sistema. Para isso é necessária a utilização de um temporizador de maior precisão para se obterem ciclos de rega muito precisos. Exige mais trabalho e atenção ao pH e à condutividade
A falta de energia elétrica ou desarranjos nas bombas são problemas para este sistema, assim como possíveis entupimentos nos orifícios dos gotejadores, que necessitam ser inspecionados com freqüência.

3.6 - Sistema Aeropônico

É um sistema ativo e o de mais alta tecnologia atualmente. O meio de cultura utilizado é o ar úmido. As raízes ficam suspensas e imersas numa câmara de cultivo, onde são aspergidas com uma névoa de solução nutritiva em intervalos de tempo muito curtos. A solução é retirada do depósito por uma bomba, comandada por temporizadores de alta precisão. É um sistema suscetível a falta de energia, falha nas bombas e entupimento nos aspersores.

3.7-Hidroponia Vertical

A hidroponia vertical em substrato, técnica conhecida na Europa desde a década de 70, foi adaptada para as nossas condições. A hidroponia vertical - aproveita vantagens da hidroponia horizontal e adiciona outras, especialmente a referente ao melhor aproveitamento da área de estufas. É técnica relativamente simples que consiste em plantar as mudas em compridas sacolas ou tubos de polietileno, recheados com substrato e irrigadas com a solução hidropônica (fertirrigação). O substrato é o suporte onde as plantas fixam suas raízes e que também retém solução nutritiva.
Como substrato é usada a casca de arroz carbonizada. A casca de arroz carbonizada é estável física e quimicamente, o que a torna mais resistente à decomposição, sendo provável que um mesmo substrato possa ser usado durante duas safras consecutivas. O destino da palha de arroz algumas vezes constitui problema para indústrias de beneficiamento, sendo que a opção de ser consumida como substrato na produção de morangos pode se tornar de interesse para essas indústrias.
Apesar de a casca de arroz carbonizada constituir um bom substrato, outras opções estão sendo testadas, como fibra de coco e casca de arroz não carbonizada em mistura com vermiculita. É provável que substratos para plantio em bandejas já disponíveis no nosso mercado também possam ser utilizados em sistema de hidroponia vertical.

Sistema hidropônico Vertical

As sacolas tubulares utilizadas na hidroponia vertical têm cerca de dois metros de comprimento e 20 cm de diâmetro, com volume em torno de 63 litros, sendo que no momento de sua colocação o substrato deve ser ligeiramente compactado. Depois de preenchidas casca de arroz carbonizada, as sacolas são penduradas na posição vertical em suportes instalados na estrutura da estufa, dispostas em linhas distanciadas de 1,2 m e com espaçamento de 1 m nas linhas.
O transplante das mudas deve ser realizado com o substrato previamente umedecido apenas com água. Em cada sacola tubular são feitas 28 covas, inclinadas 45º para cima em relação à superfície sacola. As covas são feitas com o uso de tolete cilíndrico de madeira com diâmetro semelhante ao do torrão da muda, introduzido em pontos previamente marcados por dois cortes em X, distribuídos em quatro linhas radiais eqüidistantes, apresentando cada linha sete covas espaçadas de 25 cm. O número médio de plantas por m2 de estufa na hidroponia vertical fica em torno de 23, ou seja, quase o triplo daquele usado no plantio convencional em canteiros.
A adubação das plantas é feita por fertirrigação: a solução nutritiva é aplicada uma ou duas vezes por dia em função da temperatura e do estágio de desenvolvimento das plantas. A fertirrigação é realizada por meio de um sistema hidráulico basicamente constituído por um depósito para solução nutritiva, moto-bomba, filtro e tubulações. Cada sacola recebe de dois a quatro difusores de fluxo ajustável.
A hidroponia vertical reduz custos e otimiza a ocupação de estufas. Ela permite, sobretudo, grande ganho de espaço nas estufas, possibilitando um número muito maior de plantas por área do que a hidroponia NFT e o plantio convencional. A produção de frutos da hidroponia vertical é 100% superior à da horizontal e 120% maior do que a de canteiro. A hidroponia vertical possibilita ainda sensível redução no gasto de água e energia em relação ao cultivo tradicional em canteiros.
Apesar de a produção de frutos por planta ser menor no sistema vertical de hidroponia que no horizontal ou no plantio convencional, há possibilidade de melhor aproveitamento interno do ambiente protegido, com reflexos no aumento do rendimento por área e maior facilidade de manejo da cultura, incluindo as operações de transplante, limpeza das plantas e colheita de frutos. Essas vantagens também se aplicam ao sistema hidropônico NFT, mesmo que não apresente grande diferença de produção em relação ao cultivo convencional no solo.
O controle de doenças no novo sistema pode ser feito com apenas 10% das aplicações de agrotóxicos exigidas pelo plantio convencional em campo. Mesmo para o único fungo mais propenso à difusão dentro das estufas - o oídio - o controle químico pode ser feito individualmente nas plantas atacadas e não no lote todo, evitando o problema de aguardar tempo de carência para colheita dos frutos. Diante do menor uso de agrotóxicos obte-se um produto diferenciado, mais saudável para consumo de mesa.
Outra vantagem da hidroponia vertical está ligada ao posicionamento favorável dos frutos, geralmente suspensos no ar apenas pelo pedúnculo, o que permite que eles sejam colhidos mais maduros e conseqüentemente com melhor sabor. A operação de colheita é muito mais fácil do que no sistema tradicional de cultivo, o que permite reduzir perdas.

4. Desenvolvimento de Variedades

A forma de estabelecimento de plântulas no campo também vem sendo modificada. Nos últimos anos temos observado uma tendência no uso de mudas para posterior transplantio em diversas hortaliças. O desenvolvimento e emprego de variedades melhoradas e/ou sementes híbridas de alto custo tem colaborado para estas mudanças na produção. Além disto, nas condições de estufas, onde as mudas são produzidas, a emergência das plântulas em bandejas é maximizada, devido às melhores condições de germinação e melhores tratos culturais no início do estabelecimento das plântulas. Como exemplo, pode-se observar, em grandes áreas, no segmento de tomate destinado à agroindústria, a utilização de híbridos bem como um manejo cultural moderno, incluindo várias operações mecanizadas, como o transplantio de mudas.

4.1- Melhoramento de Sementes

Para atender tanto ao produtor de mudas, como ao produtor de hortaliças, diversas empresas de sementes oferecem sementes com características extras, sejam sementes de alto vigor, isentas de determinados patógenos ou indexadas ("virus free" – livre de LMV em sementes de alface, pôr exemplo), sementes calibradas, peletizadas, osmoticamente condicionadas, peliculizadas, etc. Este valor agregado visa uma diferenciação do produto pôr parte da companhia de sementes, como também apresenta, em determinadas situações, algumas vantagens pôr ocasião da germinação e estabelecimento da lavoura.
Não poderíamos deixar de mencionar a rapidez e a forma de obtenção das cultivares e/ou híbridos utilizados na implantação das lavouras. A obtenção destes materiais de alta qualidade e produtividade, principalmente os híbridos, sejam eles obtidos através do melhoramento convencional ou principalmente obtidos através das novas ferramentas da biotecnologia, tem revolucionado a olericultura. O mini melão e melancia sem sementes ("seedless"),sendo que a melancia foi adequada para o consumidor de família pequena e aina possui 3 vezes mais licopeno na sua composição. O pimentão com melhor sabor, e uma variedade de batata desenvolvida pela Epagri de (Urussanga,Itajaí e São Joaquim) a SCS365 Cota.Variedade esta orgânica, que necessita 3 vezes menos aplicação de defensivos, super resistente ao ataque de pragas e doenças que ainda está em teste mas com previsão de comercialização para agosto de 2009.

4.2- Biotecnologia

Neste final de século presenciamos o desenvolvimento de plantas transgênicas ou produtos geneticamente modificados. Através da engenharia genética, características desejáveis são transferidas seletivamente de um organismo para outro. Com a população dobrando nos próximos quarenta anos, a biotecnologia, segundo os especialistas, chegou com a habilidade de aumentar a produção e melhorar a qualidade nutricional dos produtos agrícolas. Está disponível ou é esperado para os próximos anos, a entrada no mercado de produtos olerícolas com características não conseguidas anteriormente através do melhoramento convencional . Como exemplo, pode-se citar produtos como o tomate com características de longa vida , tomate com melhor sabor e maior teor de vitaminas, tomate resistente a CMV, e com resistência a viroses e insetos, batata mais sólida (significando menos óleo a ser absorvido durante a fritura) , milho-doce (utilizando Bt) resistente a insetos, abóbora resistente a viroses e recentemente, o tomate roxo com altos níveis de antocianinas. O tomate roxo é rico em um pigmento antioxidante chamado antocianina - encontrado também em frutas como amoras - conhecida por ajudar a desacelerar o crescimento de células cancerígenas, criado por cientistas britânicos recentemente.

5. Novas Técnicas de Manejo do Solo e das Plantas

5.1-Produção Integrada de Hortaliças

Os consumidores que sonham em consumir hortaliças certificadas, ou seja, produzidas a partir do uso racional de produtos químicos, talvez até ostentando selos de garantia de qualidade, passaram a contar com um aliado de peso. Projeto coordenado pela Embrapa Hortaliças prevê que, a exemplo do que já ocorre com as frutas de exportação, as hortaliças produzidas no Brasil atendam aos padrões globais de segurança alimentar. O principal objetivo do projeto Produção Integrada de Hortaliças é o de assegurar a qualidade dos produtos comercializados. Para isso, será elaborado um conjunto de normas e protocolos de Boas Práticas Agrícolas (GAP) que devem ser seguidas pelos produtores. E o que vem a ser essas práticas? "Boas Práticas Agrícolas referem-se a procedimentos que integram manejos culturais para combater pragas e doenças, levando em conta aspectos como preservação ambiental, saúde e segurança dos trabalhadores". A rastreabilidade como condição para dimensionar o cumprimento das normas. "A rastreabilidade é um conjunto de medidas que permite identificar a origem do produto desde o campo até o consumidor". Essa identificação deve estar interligada a um sistema central de armazenamento de dados, que permite o acesso a todos os elos da cadeia produtiva, inclusive para o consumidor.
A implantação prática do Sistema de Produção Integrada deve, baseada na sua própria definição, refletir a gestão ambiental das atividades agrárias de forma sustentável, estabelecendo normas que assegurem uma cuidadosa utilização dos recursos naturais minimizando o uso de agrotóxicos e insumos na exploração, baseada nas normas da série ISO 14001. Também possibilita a aplicação da norma ISO 9001, no que se refere ao acompanhamento da cadeia produtiva e do pós-colheita orientados a produção de produtos agrícolas de qualidade internacional que atendam as necessidades e exigências do consumidor final, propondo assim um conjunto de boas práticas agrícolas a serem estabelecido em normas e procedimentos àqueles que se propuserem a utilizá-las no campo.
O processo envolve a divisão da cadeia produtiva em talhões ou parcelas, identificadas através etiquetas ou código de barras, no campo das unidades de colheita. Esse trabalho já vem sendo realizado com as frutas produzidas para o mercado externo. O Sistema de Produção Integrada de Frutas implantado no MAPA possibilita o rastreamento da produção, conferindo ao produtor um selo de certificação, e ao exportador a qualidade da fruta. . A idéia é fazer esse trabalho com as hortaliças.
Assim sendo, os produtos elaborados conforme as normas de Produção Integrada elegem um sistema de produção que elenca as melhores alternativas existentes para a exploração do sistema agrário assim como de instrumentos e técnicas para monitoramento ambiental e controle da cadeia produtiva e do pós-colheita, assegurando um menor risco de contaminação ambiental direta e indireta, como também proporcionando uma diminuição gradativa dos custos de produção. Deve também assegurar e proporcionar a preservação e diversificação da fauna e flora local, assim como da paisagem, propiciando o aparecimento de outras fontes de renda ao agricultor como aquelas advindas do ecoturismo rural.

5.2-Técnicas de Manejo e Utilização do Solo

Quanto a o manejo de solo podemos citar verias técnicas que estão ajudando a melhorar as condições de plantio com custo reduzido e mais lucratividade, sempre aliado ao menor impacto ambiental. Surgiram técnicas como cultivo mínimo, plantio direto, uso de amostragem de solo por GPS, semeadeiras e plantadeiras de hortaliças.
Amostragem georreferenciada e um produto essencial no pacote tecnológico da agricultura de precisão, pois as informações geradas neste processo servem como base e ponto de partida para o diagnostico da área e para a avaliação dos manejos, das práticas e dos produtos a serem utilizados. A utilização de GPS - Sistema de Posicionamento Global - é fundamental, pois permite a identificação geográfica precisa de pontos ou locais, trazendo avanços significativos na forma de diagnosticar e corrigir problemas relacionados à fertilidade dos solos.
Outro ponto importante a ser destacada é o uso de equipamentos como quadriciclos equipados com computador de bordo e sondas. Com eles é feita a amostragem de solo e a identificação do ponto de coleta na área, gerando informações sobre a fertilidade química e física solo e também sobre a localização geográfica desses pontos. E com o cruzamento de informações são criadas ferramentas como mapas de fertilidade que se baseiam nos parâmetros de analises do solo como saturação de bases, ph e teores de nutrientes para classificar e indicar a distribuição da fertilidade do solo nas glebas ou talhões, bem como quais os nutrientes mais limitantes ao desenvolvimento das culturas. Além disso, a amostragem georreferencida viabiliza a criação de um banco de dados mais completo, com análises de solo das áreas, o que permite um acompanhamento mais detalhado da evolução da fertilidade das glebas ou talhões com pontos preestabelecidos de amostragem.
Para se ter uma idéia do nível tecnológico, já existem, no mercado americano, transplantadeiras que utilizam um sistema de infravermelho para detectar e evitar "células" vazias (sem mudas) nas bandejas pôr ocasião do transplantio. Sugiram as semeadeiras a vácuo para semear sementes de hortaliças. Este técnica foi possível graças ao melhoramento e desenvolvimento de sementes peletizadas, peliculizada e calibradas para uma semeação uniforme."

fonte: fernando grossclaus, robson luiz rosenbrock